6 Novembro 2021      11:54

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Casos perdidos

Quantas vezes não usamos a velha, mas sempre atual, expressão do caso perdido. Desconheço a origem da mesma, e não se trata aqui nestas singelas linhas que esta semana escrevo, de dissecar a sua origem, mas sim os diferentes contextos em que a sua utilização se concretiza e, como poderia, desejavelmente, ser concretizada.

A vida, muitas vezes rodeada de sucessos, tem em momentos diferentes, grandes baixos que contrariam os altos e os sorrisos de vitória, de alcance, de realização.

Se encontramos na realização pessoal e profissional, a subida e o alimento da auto-estima que serve também como um desígnio necessário para outras tarefas, para outros desafios. Alguns de nós têm em si essa sede de realização, a proteína auto-imune que lhes permite correr mais, saltar mais, ultrapassar mais, duvidar menos, desistir menos, escapar menos. Há, num universo paralelo que em determinadas condições se cruza, casos perdidos.

Esses casos podem assumir-se como casos vivenciados numa perspectiva negativa, em que o ser se resigna a aceitar-se como caso perdido, sem que o alimento de que falávamos, os possa alimentar. Quantos são os casos perdidos que se vergam a um mundo de escuridão em que a luz mais clara ao fundo parece uma porta fechada? Quantos casos perdidos não nos rodeiam e deles fazemos juízos de valor e consideramos um caso perdido, algo que não poderá ser reabilitado? Quantas vezes usamos a expressão sem dela ter noção completa e conjunta da mesma?

Há, assim, casos que se perderam um dia, casos que se perdem enquanto escrevemos, e casos que se perderão nas multitudes da realidade.

Nos tribunais, há casos que se ganham e há casos que se perdem, situação que os transforma em casos ganhos e casos perdidos. Seria necessária maior discussão jurídica e eu não sou jurista.

Sou, por outro lado, um caso perdido naquilo que respeita a estas crónicas e no prazer em escrever e partilhar breves ideias!