6 Setembro 2021      10:34

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Caravanismo ilegal no Alentejo litoral leva à degradação de zonas protegidas

Centenas de caravanas continuam a pernoitar em locais proibidos, ao longo da costa alentejana, levando à degradação de zonas protegidas. A Associação Arriba volta a pedir maior fiscalização, avança a SIC Notícias.

A associação, composta por empresários e residentes na zona, vai partilhando vídeos onde mostra o lixo e o aparcamento indevido de caravanas e carrinhas, em zonas de grande sensibilidade ambiental.

Em 110 quilómetros de parque natural, entre Vila do Bispo, Aljezur, Odemira e Sines, há uma costa que atrai quem gosta da natureza. A legislação não permite a pernoita ou aparcamento fora de áreas de serviço para autocaravanas ou parques de campismo, contudo, a maior parte dos turistas acaba por parar onde calha.

A Associação Arriba contava que a entrada em vigor, em janeiro, da lei que enquadra esta situação no âmbito do código de estrada pudesse simplificar a atuação das autoridades, mas queixa-se de que a fiscalização continua a ser insuficiente.

João Marreiros demorou nove anos para conseguir abrir um parque para caravanas em Aljezur. No entanto, encontrando-se a mais de sete quilómetros da praia, o parque raramente passou os 10 clientes por dia no verão. O empresário aponta que vê “centenas” de caravanas a passar na zona, mas os parques continuam vazios.

João Vilela, pertencente à associação, garante que “o parque natural não tem infraestruturas para acolher a procura”, mas tal não significa que, até que se criem as infraestruturas, “se permita cometer ilegalidades. Não é razoável que seja a natureza a tomar conta dela própria, que é o que está a acontecer”. O responsável acrescenta ainda que corremos o “risco de o território não aguentar”.

João Vilela diz ainda que “tem de se criar uma entidade ou uma empresa municipal com competência para criar informação para quem visita o parque, com competência para fiscalizar, autuar e apreender na hora veículos, documentos, o que for necessário, para que realmente surta efeito. Se não houver uma ação consertada diária, isto não é eficaz”.

Desde o início do ano, a GNR fez seis ações de fiscalização musculadas e várias outras de menor envergadura, tendo sido passados 200 autos de contraordenação. Já o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) regista outros 482 autos, num valor estimativo de mais de 108 mil euros.

A entidade responsável pelo parque natural diz que, ainda assim, este ano a situação melhorou, admitindo que as sucessivas ações de fiscalização do ano passado resultaram em mais de 1 500 multas, um total superior a 400 mil euros, que terão passado a mensagem e influenciado comportamentos.

 

Fotografia de barlavento.sapo.pt