7 Agosto 2022      11:09

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A bomba atómica mudou tudo exceto a natureza do homem

Na passada sexta, contaram-se 77 anos que caiu a primeira bomba nuclear usada pelo Homem em combate – 5 de agosto de 1945. Estávamos na Segunda Guerra Mundial, os combates vinham acontecendo um pouco por todo o mundo, com destaque para a Europa e a área do Pacífico. A Alemanha de Hitler já tinha capitulado (em maio desse ano), mas o Japão continuava a resistir fortemente.

Hiroshima, no Japão, era uma cidade de cerca de 255 mil habitantes, quando o bombardeiro B-29 “Enola Gay” da Força Aérea norte-americana, deixou cair a “Little Boy“, uma bomba com cerca de 64kg de urânio-235 e que pesava, no total, 4,4 toneladas! Morreram, de uma só vez, 140 mil pessoas e tudo foi arrasado numa área de 2km2. Tínhamos acabado de mudar o modo como se faz guerra entrando na era nuclear; não o suficiente para o Japão se render.

Presume-se que, até ao uso de bombas atómicas, tenham morrido cerca de 12 mil soldados norte-americanos e mais de 90 mil militares japoneses, além de cerca de 100 mil civis nipónicos.

No próximo dia 9, serão os 77 anos da queda da segunda bomba nuclear, em Hiroshima - cidade que contou com administração portuguesa em alguns anos do final do séc. XVI. Chamada de “Fat Man“, esta bomba era maior que a anterior e pesava cerca de 4,7 toneladas, usava um núcleo de pultónio-239 que, ao explodir, teria a capacidade destrutiva de 21 mil toneladas de TNT. Terão morrido cerca de 74 mil pessoas.

Com o ataque a Hiroshima, o Japão rendeu-se, a guerra acabou com a “vitória” dos aliados que perderam um milhão de soldados, aos quais se acrescentam mais de 10 milhões de baixas japonesas, além das baixas nas forças nazis e mantendo presente que não se pode determinar corretamente o número total de baixas com a queda das duas bombas atómicas.

A frase que dá título a este artigo não é minha, é de Albert Einstein, considerado um dos maiores cientistas de sempre e um dos seres humanos mais inteligentes, também ele foi parte do “Projeto Manhattan”.  O “Manhattan” foi o projeto que reuniu cientistas norte-americanos, britânicos e europeus e que viria a dar origem ao surgimento destas bombas, e Einstein viria a ser afastado por ser considerado pelos serviços secretos norte-americanos como um risco para a segurança do projeto.

Mas só interessa falar, estudar e perceber o passado se for para ter consequências no presente e no futuro e aqui, uma vez mais, o Homem não aprendeu.

Apesar de todas a organizações e associações que, desde a Segunda Guerra, se criaram e que lutam contra a proliferação de armas nucleares, estima-se que existam no mundo (pelo menos e que se saiba) 9 países com capacidade de armamento nuclear: Estados Unidos (5.550), Reino Unido (225), França (290), Israel (90), Rússia (6.257), Paquistão (165), Índia (156), China (350) e Coreia do Norte (entre 40 a 50), segundo dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz, de Estocolmo, e do Departamento de Estado dos EUA, em fevereiro desde ano.

Tudo somado, serão mais de 13.000 armas nucleares existentes no mundo!

Se bastante já foi falado sobre a estúpida invasão da Ucrânia, podemos, no mínimo – e não julgando as razões ou justiça da questão de Taiwan – considerar a visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a Taiwan, uma provocação caprichosa e que nem as declarações do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, - afirmando que a posição oficial dos EUA sobre Taiwan não tinha sofrido qualquer alteração -  foram suficientes para a escala de tensão latente nas relações EUA-China, isto numa altura em que é pública a proximidade entre russos e chineses. Uma nova Guerra fria não corre, na minha opinião, risco de começar; já começou.

Também de pouco valerão as palavras de António Guterres, pessoa a quem os mandados à frente da ONU tinham reservadas as maiores dificuldades da História recente da humanidade: a crise pandémica, a invasão da Ucrânia e consequente crise energética e agora Taiwan a juntar às já de si sérias e permanentes questões como: a fome, as questões climáticas e os direitos humanos, entre outras.

Ainda assim, Guterres não baixa os braços e apelou, este sábado, em Hiroshima, para que os governantes destruam as armas nucleares e avisou o que toda a gente sabe e não quer ver: “A Humanidade está a brincar com uma arma carregada“.

Foi mais longe e considerou o uso de bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki "o ataque mais bárbaro da história da humanidade".

Será a possibilidade de mais dinheiro, de mais poder, de mais território fator justificativo para mais guerras? Para que, por vontade de uma minoria com poder, se continuem a fazer guerras passados cerca de 2 milhões de anos do primeiro Homem? Não terá já a Humanidade chegado a ponto de evolução que permite gerir os conflitos sem armas, sem destruição, sem morte?

Gandhi referiu-se às lutas dizendo que “Olho por olho, e o mundo acabará cego.” Atualizado aos dias de hoje, “bomba atómica por bomba atómica, e mundo acabará… acabará!” e nem se fará real a previsão de Einstein quando disse “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus.” A julgar pelo número de bombas nucleares, não sobrarão nem paus, nem pedras; e muito menos alguém para os atirar.

 

 

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