6 Março 2022      09:56

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Boas Notícias

Por Júlio Roldão*

Um dos mais lidos jornais italianos, o “Corriere della Sera” publica semanalmente um suplemento que se chama “Buone Notizie” e é um olhar positivo sobre o Mundo a tentar dar força ao noticiário do bem.

“Buone Notizie” apresentou-se como um semanário gratuito que o “Corriere della Sera” distribui às quartas-feiras e que privilegia a energia e a criatividade do sector terciário em muitos aspectos da vida.

Na agenda do “Buone Notizie” estão as actividades do voluntariado, das associações, das cooperativas, das fundações, da economia social, de todos cuja actividade responde às necessidades da sociedade.

Todas as semanas, leio na promoção deste semanário, todas as semanas, o “Corriere” dá voz à, cito, “Itália que não se rende” – divulgando as iniciativas de quem encontrou uma solução, inventou uma saída ou dedica a sua actividade aos outros.

Neste grupo estão os voluntários, os cooperantes, os jovens empreendedores, os que se superam no desporto, os artistas e, de uma maneira geral, todos aqueles que não se rendem perante as adversidades.

Gente que, habitualmente, tem dificuldade em figurar nas agendas mediáticas que dão força, pela difusão, pela promoção, pelo apoio. Quem não aparece perde importância, perde a visibilidade mínima necessária para poder contar na hora da contabilidade global de quem conta, de quem consegue ser reconhecido como alguém que conta.

O suplemento do “Corriere della Sera” que apenas dá boas notícias – o “Buone Notizie” – contraria a existente, consolidada e generalizada ideia que considera a informação noticiosa como a divulgação do pior que acontece no Mundo.

A maioria das grandes manchetes noticiosas traduzem situações negativas. Isto é válido mesmo sem contar com a pior de todas, ou seja, com a notícia de uma guerra. Notícia é uma ocorrência, obviamente verdadeira e até então desconhecida, cujo conhecimento interessa, em primeira linha, à comunidade a que se destina.

Muitas vezes, a notícia é uma ocorrência má, um surto de uma doença contagiosa, um desastre natural, um acidente grave provocado por negligência, um crime que choca uma cidade. Menos vezes é uma notícia boa.

Más ou boas, o que é essencial é que sejam baseadas em informação verdadeira e confirmada.

 

Júlio Roldão, jornalista desde 1977, nasceu no Porto em 1953, estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes e pelo Círculo de Artes Plásticas, tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

 

Tribuna Alentejo com APImprensa

Imagem de cairorcsmedia. it