10 Maio 2022      08:56

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Beja acolhe festival multicultural que junta fado e flamenco

Ricardo Ribeiro, fadista

O Festival multicultural Terra Mágica vai decorrer em Beja, entre 2 e 4 de junho, unindo vários géneros musicais, do fado ao flamenco.

De acordo com o Jornal de Notícias, o fadista português Ricardo Ribeiro e o músico espanhol Duquende, nome grande do flamenco, vão abrir a primeira edição do Festival Terra Mágica – Al-Mutamid, O Primeiro Alentejano.

O evento, promovido pela ALD Produções, Zález Artist Collect, Turismo do Alentejo e Ribatejo e a Câmara Municipal de Beja, pretende “aprofundar e transformar” os patrimónios, do fado ao cante alentejano, do gnaoua (um dos principais géneros do folclore de Marrocos) ao flamenco, “numa viagem mágica” de Beja a Zafra, de Sevilha a Agmat.

O festival é inspirado na figura de Al-Mutamid (1040-1095), o rei poeta, nascido em Beja, governador de Silves e último dos reis abádidas que governaram a taifa de Sevilha, feito prisioneiro e desterrado para a cidade marroquina de Agmat, onde desenvolveu boa parte da sua criação poética e onde viria a falecer.

Vítor Silva, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, refere que a expetativa é que se trate de um “evento de grande qualidade artística, mas sempre com a perspetiva de ligação entre culturas”, razão pela qual se aposta no cante alentejano, no fado, na música tradicional marroquina e no flamenco, na sua dupla vertente (cantada e dançada).

O responsável acrescenta ainda que o objetivo é passar “uma mensagem de multiculturalidade, de estabelecer pontes entre religiões e entre culturas diferentes”.

Além disso, Vítor Silva afirma que “pela maneira como ele [Al-Mutamid] pensava, como agia e como estava na vida, de certeza que foi o primeiro alentejano”, apesar de reconhecer que esta denominação pode ser polémica, numa altura em que nem sequer existia delimitação geográfica da região.

De acordo com a organização do evento, o propósito é tornar Beja um “centro permanente de inclusão e convivência artística, que se traduz na criação e produção próprias”, projetando-as depois “para o resto do mundo”.

Faustino Nuñez, diretor musical do espetáculo “Tanta Monta, Monta Tanto”, refere que neste espetáculo, produzido em residência artística e com estreia mundial no Teatro Pax Julia, vão cruzar-se “o talento de Ricardo Ribeiro e a autêntica ‘gitanería’ de Duquende, dois mestres dos seus géneros, que se abraçam para maior glória, encontrando-se nas diferenças e investigando as afinidades”.

Já Francisco Carvajal, diretor artístico do festival, afirma que um dos propósitos da iniciativa é unir culturas. “Queremos reinventar aqueles patrimónios ibéricos maravilhosos, como o fado, o flamenco e o cante alentejano. Misturar-nos com esses árabes que eram alentejanos e andaluzes. Procuramos uma mudança de paradigma. Vamos mostrar ao mundo inteiro o que foi produzido em Beja, num projeto inovador, novo, que irá viajar pelos caminhos de Al-Mutamid”, explica.

 

Fotografia de observador.pt