8 Fevereiro 2023      09:03

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Barragem de Campilhas cancela rega devido à seca

A rega a partir da barragem de Campilhas, em Santiago do Cacém, voltou a ser cancelada este ano devido à seca, revelou a associação gestora à agência Lusa.

Ilídio Martins, diretor-adjunto da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado (ARBCAS), sublinhou que, neste momento, a albufeira está com um nível de armazenamento “que nos deixa muito preocupados perante o ano agrícola” que arranca “dentro de poucos meses”.

A barragem de Campilhas, que “estava com 3%” de armazenamento de água no início do inverno, tem “neste momento 12%”, indicou o responsável, acrescentando que esta situação, porém, “não permite fazer [a] campanha de rega” deste ano, prevista entre abril e outubro.

“A precipitação média na região anda na ordem dos 600 milímetros” e, nos últimos anos, situou-se “nos 300 [milímetros], que é metade daquilo que devia chover”.

Segundo o diretor-adjunto da associação, este cenário de pouca chuva e de “cada vez menos água para regar” já se arrasta “desde 2013”, afetando entre “50 a 70 agricultores” do Vale de Campilhas que produzem arroz, milho e pastagem para os animais.

Note-se que a ARBCAS fornece água para rega em 6 000 hectares neste concelho e nos municípios de Odemira e Ourique, através de várias albufeiras, como Campilhas e Monte da Rocha.

Ilídio Martins disse ainda temer que o possível aumento das tarifas da água por parte da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) obrigue a repensar a campanha agrícola no Alto Sado e na barragem de Fonte Serne, que recebe água da albufeira do Alqueva.

“Há uma proposta da EDIA ao ministério da sua tutela para passar de 00,301 [euros] para 00,709 [euros], que é um aumento de 136%”, argumentou Ilídio Martins.

Para o responsável, trata-se de “uma coisa extraordinária”, tendo em conta que “a inflação está nos 8 a 9%”.

Também em comunicado, a Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) afirmou estar “em estado de choque” com a proposta “indecente” de duplicação das tarifas da água apresentada pela EDIA e reclamou a intervenção do Governo.

De acordo com a federação, “essa proposta de revisão de preços duplica as tarifas da água para rega”, no que diz ser uma “situação a todos os títulos inaceitável, que condena a utilização da água para a grande maioria das culturas agrícolas, com consequências gravíssimas para o setor agrícola, a economia nacional e a coesão territorial”.

 

Fotografia de linhasdeelvas.pt