14 Março 2021      11:22

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Azeite alentejano vence prémio do “Melhor Rótulo” em Paris

O azeite alentejano “Amor é Cego” venceu o prémio para o melhor rótulo 2021 da Olio Nuovo Days Competition, em Paris.

Realizado pela designer Rita Rivotti, a marca de azeite “Amor é Cego” já venceu também o prémio para melhor azeite de azeitona galega, na Feira Nacional de Olivicultura, em 2019.

O nome do azeite, “O amor é cego”, é um dos mais conhecidos ditos populares, além de ser o tema de uma das figuras mais características do figurado de Estremoz, Património Mundial da Humanidade da UNESCO.

A expressão é muitas vezes usadas para justificar que uma vontade, um sentimento, um objetivo, quando é muito forte não se olha a meios para o atingir, nem se ouvem outras vozes que não a dessa vontade e foi isso que João Rosado, apaixonado pela terra, pelas oliveiras e pela herança familiar, pôs em prática e criou este azeite.

Professor de matemática e natural de Évora, João fez de tudo para transformar o sonho em realidade, mesmo contrariando os princípios e conselhos mais lógicos na hora da produção: “A nossa ideia sempre foi preservar e cuidar desta terra de modo a poder transmitir às próximas gerações o gosto pelo campo, tal como o meu avô me ensinou. Quando olhámos à volta, percebemos que este olival, plantado há quase 70 anos, teria que continuar a fazer parte do nosso futuro e, naturalmente, avançámos para a produção de azeite com marca própria. Tornou-se também evidente que, para ser economicamente viável, teríamos que ter um azeite com muita qualidade, uma imagem muito forte e apostar na azeitona galega como elemento diferenciador. E assim, em 2015, lançámos a primeira colheita do Amor é Cego.”, revelou João, em entrevista ao TA.

Quando questionado pelo o nome “invulgar” para um azeite João explicou ao Tribuna Alentejo que “é uma história engraçada porque, na procura de um atelier para fazer o rótulo, convidámos uma designer de rótulos de vinho para nos visitar, a Rita Rivotti. Depois de nos ouvir falar sobre este projeto, a Rita sugeriu este nome e nós aceitámos de imediato porque define exatamente o sentimento que nos move. Não ocorrerá a todas as pessoas lançar uma marca de azeite a partir das oliveiras de sequeiro que existem em 5 ha de terra. Mas foi isso que nós fizemos.”

Nesta área de terreno, o produtor conta dois zambujeiros com mais de dois mil anos e que sobreviveram por resiliência pois “só não foram arrancados na altura em que o meu avô plantou o olival porque têm as raízes agarradas às rochas.” disse. A opção agora é outra: “São monumentos vivos que queremos preservar.”

João Rosado descreve o seu azeite como “frutado maduro com notas de tomate e frutos secos.” Sabores que se devem aos facto da colheita  ser efetuada com as azeitonas ainda verdes conferindo também “alguma frescura e algum picante nas notas de prova”.

 

Fotografia de Tribuna Alentejo