António Bota, presidente da Câmara de Almodôvar, pediu a construção de uma barragem na ribeira de Oeiras, no município alentejano, para fazer face “à falta de água” que se sente na região.
Em declarações à agência Lusa, o autarca afirmou que “temos cada vez mais problemas de seca no Baixo Alentejo e [os concelhos de] Almodôvar, Castro Verde e Mértola não são abastecidos pelo Alqueva”, por isso, “esta barragem tem de ser construída já”.
Em comunicado, a Câmara de Almodôvar referiu que a nova barragem tiraria partido do troço da ribeira de Oeiras, um afluente do rio Guadiana, e serviria “para apoiar e reforçar” o abastecimento de água a partir da albufeira do Monte da Rocha, no concelho de Ourique.
Serviria assim de “abastecimento de reserva” para os concelhos alentejanos de Almodôvar, Castro Verde e Mértola e para o nordeste do Algarve, nomeadamente para os municípios de Alcoutim e Castro Marim.
Segundo o município, a criação de uma albufeira na ribeira de Oeiras, estudada nos anos 90, permitiria ainda que esta “pudesse ter um caudal ecológico para abeberamento de animais” e “favoreceria também a manutenção dos ecossistemas, da fauna e flora locais”.
Para António Bota, “não faz sentido ter condições propícias em Almodôvar, tanto geográficas como naturais”, para a construção de uma nova barragem e não aproveitar “essa água antes dela chegar ao rio [Guadiana] e, por sua vez, ao mar”.
“Não temos falta de água para consumo humano enquanto o Alqueva tiver água, mas temos falta de água para todos os outros consumos” e de “uma alternativa à barragem do Monte da Rocha, que ainda não tem água suficiente para nós”, atalhou o autarca.
O presidente, que é também presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, acrescentou que a nova barragem não está a ser reivindicada “para regadio, mas sim para consumo humano”.
“Se não houver água para consumo humano ninguém fica cá a viver e cabe-nos a nós, autarcas, lutar hoje por aquilo que são as condições que precisamos para amanhã”, salientou.
Por isso mesmo, o autarca defendeu que este assunto deve entrar “na agenda política do governo, seja via PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], Portugal 2030, Orçamento de Estado ou por que via for”.
“O Governo e as autarquias têm a obrigação de criar condições para que as pessoas cá vivam e esta é uma das condições que tem de ser criada, porque sem água ninguém vive cá”, insistiu.
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