26 Novembro 2021      13:01

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Aos aspirantes a investidores: o que precisa de saber sobre o mercado acionista

Com a pandemia de covid-19, os Bancos Centrais tiveram de introduzir estímulos à economia, ao reduzirem as taxas de juros e conferirem uma maior flexibilização sobre a política monetária. Ao mesmo tempo, poupar capital através de instrumentos seguros, como por exemplo as contas poupança ou títulos do governo, tornou-se pouco apelativo.

À medida que as empresas começaram a ser cotadas em bolsa, novas alternativas de financiamento surgiram. Adicionalmente, as principais corretoras mundiais têm facilitado o processo de compra de ações para novos aspirantes a investidores, que o fazem de forma simples e assumindo baixos custos.

E, assim, o investimento em ações ganhou popularidade durante o ano de 2020.

 

O que são ações?

As ações são títulos que representam a propriedade de uma fração de uma empresa. Existem também outros tipos de investimentos que envolvem ações, como por exemplo fundos mútuos, ETFs (um conjunto diversificado de ativos, como um fundo de investimento) ou empresas privadas.

Os acionistas que participam no capital de uma empresa têm direito a receber dividendos e direitos dos eleitores, uma vez que os investidores possuem uma parte da empresa (essa parte depende da sua participação).

Assim, basta comprar ações de uma empresa que esteja cotada na bolsa de valores para adquirir parte dessa mesma empresa.

 

Como funciona o mercado acionista?

Contudo, podemos perguntar-nos: como é que uma empresa fica cotada na bolsa de valores? Primeiro, através de uma oferta pública inicial (IPO), as empresas tornam-se públicas, em capital aberto. A partir daqui, as suas ações podem ser compradas e vendidas no mercado secundário, nomeadamente na bolsa de valores.

O mercado de ações vai, então, atuar como um intermediário, tratando-se de um local centralizado onde compradores e vendedores realizam as suas transações. Convém recordar: antes, a bolsa de valores era um lugar físico. Contudo, devido aos diversos avanços tecnológicos, agora estas transações são realizadas virtualmente, sem necessidade de um lugar físico.

A seguinte imagem explica, de forma sintetizada e simples, como funciona o mercado acionista:

Fonte: xtb.com

 

Relativamente aos preços das ações, estes podem sofrer flutuações, causadas pelas variações entre a oferta e a procura pela ação. De uma forma geral, o preço das ações valoriza se a empresa em questão consegue estabelecer um negócio de sucesso com perspetivas promissoras. Daí a constante atenção que os investidores prestam ao desempenho financeiro das empresas, assim como à divulgação dos seus resultados.

No entanto, existem igualmente outros fatores que podem afetar os preços das ações, entre os quais se podem destacar:

  • dados macroeconómicos
  • nível das taxas de juros
  • sentimento do mercado
  • conjuntura económica
  • notícias
  • especulação
  • manipulação e rumores

 

Deste modo, os investidores e analistas experientes estão constantemente à procura das melhores ações para investirem, de acordo com todos estes fatores.

Segundo a Hipótese do Mercado Eficiente (EMH), proposta pelo economista americano Eugene Fama nos anos 1960, os preços do mercado refletem sempre todas as informações existentes e públicas. Tal significa que, para qualquer investidor, é impossível, a longo prazo, ter um desempenho melhor do que o mercado como um todo, sendo as análises técnicas ou fundamentais completamente inúteis [mais informação sobre este tema mais à frente]. Porém, esta teoria é bastante controversa e altamente debatida no meio.

 

Mas como pode comprar ações?

Antes, para poder comprar ações, era necessário ter ajuda direta de uma corretora de valores, muitas vezes por telefone. Contudo, com a mudança drástica da indústria nos últimos anos, agora é apenas necessário abrir uma conta numa corretora.

É de salientar que as principais corretoras têm desenvolvido as suas próprias plataformas e aplicações de negociação, tornando todo o processo acessível a qualquer pessoa. Através de um clique a partir de um computador ou smartphone, os investidores podem comprar e negociar ações.

Ainda assim, é importante saber escolher qual a corretora em que vai confiar o seu capital, estando em jogo não apenas os baixos custos oferecidos, mas também o apoio que a mesma fornece aos seus clientes.

É, assim, importante aprender a trabalhar na plataforma de negociação que vai usar com antecedência, para depois de abrir conta e depositar capital, o investidor possa começar a executar as suas posições no mercado.

 

Investir vs. negociar ativamente

Agora que já tem conta numa corretora e aprendeu a usar a sua plataforma, o que fazer: investir ou negociar ativamente?

Em primeiro lugar, há que entender que ambos os termos representam duas abordagens diferentes, apesar de serem usados, muitas vezes, como sinónimos.

O investimento está associado a investidores de longo prazo. Esta abordagem significa que não há necessidade de se estar constantemente atento à evolução do ativo, uma vez que se tentam selecionar ações promissoras que se mantenham por meses ou anos. Existem dois tipos de investimentos:

  • ações de crescimento - empresas que devem apresentar elevados níveis de crescimento dos seus lucros no futuro.
  • ações de valor - descritas como negócios bem estabelecidos com bons fundamentos. Empresas que costumam pagar dividendos.

Já a abordagem de negociar ativamente (trading) está associada a curto prazo. Quer isto dizer que os investidores (day traders) aproveitam as flutuações dos preços de forma a conseguir rentabilizar a sua exposição ao risco. Este tipo de investidores normalmente tem já alguma experiência, passando muito tempo a acompanhar o mercado.

 

Análise fundamental vs análise técnica

A análise fundamental e a análise técnica são as duas abordagens existentes a que os investidores podem recorrer quando estão a operar no mercado.

A análise fundamental serve para avaliar o valor intrínseco de uma ação. Nesta abordagem, os investidores tendem a analisar os pontos fortes e fracos de uma empresa, assim como as suas condições económicas e financeiras, que o podem ajudar a determinar o valor relativo de um mercado. Estes analistas olham para as discrepâncias entre o atual preço de mercado e a sua própria avaliação, de forma a encontrar oportunidades de trading.

Já a análise técnica baseia-se nas ferramentas técnicas que podem ser aplicadas nos gráficos através das flutuações de preços. Ou seja, o objetivo é determinar a tendência de um ativo, com base no comportamento da oferta e da procura, de forma a identificar possíveis oportunidades de negociação.

Apesar de este tipo de análise ser complexo, se está apenas a começar, não precisa saber tudo sobre estas ferramentas. Certos conceitos como níveis de suporte e resistência, médias móveis ou análise de volume no mercado são suficientes para gerar boas ideias de oportunidades de negociação.

 

Voltando a si…

Agora que sabe um pouco mais sobre como opera o mercado acionista e quais as abordagens que pode adotar enquanto investidor, qual a melhor para si? Somente a sua aprendizagem neste mundo cheio de sucessos mas também de fracassos o poderá dizer.

Lembre-se que a psicologia desempenha um papel importante, tanto no investimento em ações, como nas negociações de curto prazo. Além disso, se é aspirante a investidor, não se sinta desanimado pela vastidão da indústria ou pelo seu fraco conhecimento sobre a mesma. Qualquer investidor que é hoje experiente e bem-sucedido já começou do zero.