2 Setembro 2018      12:48

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Os Anjos do Inferno, os Justiceiros e os Justiceiros Assim-Assim

Os Anjos do Inferno, os Justiceiros e os Justiceiros Assim-Assim, i.e., What’s Going On?

Todas as semanas apanham um novo terrorista de Alcochete, com o resultado do costume: prisão preventiva. Todos pela medida grande, que isto com terroristas não se brinca.

De uma vez, ao que consta, também se apresentaram aos Justiceiros 58 Anjos do Inferno. Gente do pior dentro da gente de má índole, a acreditar nas acusações: tentativa de homicídio, tráfico de armas, tráfico de drogas, agressão agravada e roubo. Pois imagine-se, o Justiceiro de serviço entendeu por bem que apenas 39 dos 58 ficavam em prisão preventiva. 39 de 58 potenciais homicidas (tentaram, mas com pouco eficácia, outros dias se seguirão), traficantes de armas e drogas, agressores e ladrões. Um bom número, ainda assim. Tinham, a acreditar nas más-línguas, planos que passavam por…atropelamentos em massa de membros de gangues rivais. Não todos (nem a todos, todas as acusações), e por isso alguns ficaram excluídos da medida de coacção máxima. É assim que funciona. Leio no DN esta pérola de…bom senso (?): “Quando decidiu as medidas de coacção aos membros dos Hell’s Angels, o Tribunal de Instrução Criminal teve em conta a sua condição social e concluiu que todos estavam inseridos social, profissional e familiarmente…”. No mesmo artigo também é dito que 15 deles já haviam sido condenados anteriormente, uns quantos pelo homicídio (este, sim, concretizado) de Alcino Monteiro.

Resta a questão:

Porque é que se agiu de modo tão diferente com a maltosa envolvida no ataque a Alcochete?

Respostas possíveis:

Porque com o futebol ninguém se mete!

Porque potenciais homicidas há muitos, contam-se aos biliões (sete, incluído crianças), e não os podemos prender todos preventivamente – seria, inclusive, em certos casos, ser juiz em causa própria.

Porque proto psicopatas dados ao tribalismo pós-moderno dão óptimos personagens de filmes de Hollywood, já não servem como exemplo de uma justiça rectilínea e utilitária – tornaram-se, digamos, exclusivamente metafóricos.

Não, esta não! Os outros, os de Alcochete, também o são.

Mais a sério: discordo em absoluto de uma justiça de exemplos, logo com a instrumentalização do ataque a Alcochete (que, sim, foi executado por delinquentes! Não por terroristas). Quer dizer: recuso-me a vender a minha República a Justiceiros por tão pouco.

Não durmo mais descansado, para que conste, mesmo com aqueles 38 celerados na prisão. Mais ainda: irrita-me profundamente ter de os defender, é quase tão embaraçoso como ser apanhado com um disco dos Bon Jovi (juro a pés juntos que nunca estive a menos de cinco metros de um!).

Por essa razão, aos Justiceiros, de toga e sem toga, uma de duas: a fúria (que apaixonadamente rejeito) ou uma canção, com que gentilmente os mimoseio, mesmo sabendo que muito poucos de entre os sete biliões a merecem:

Marvin Gaye – What’s Going On

Mother, mother / There's too many of you crying / Brother, brother, brother / There's far too many of you dying / You know we've got to find a way / To bring some lovin' here today, eheh / Father, father / We don't need to escalate / You see, war is not the answer / For only love can conquer hate / You know we've got to find a way / To bring some lovin' here today, oh oh oh / Picket lines and picket signs / Don't punish me with brutality / Talk to me, so you can see / Oh, what's going on / What's going on / Yeah, what's going on / Ah, what's going on / In the mean time / Right on, baby / Right on brother / Right on babe / Mother, mother, everybody thinks we're wrong / Oh, but who are they to judge us / Simply 'cause our hair is long / Oh, you…

Imagem de jornalacores9.pt

 

 

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