4 Setembro 2022      16:01

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Ammaia: uma viagem no tempo

Por Joana Mancha Localizada no Alentejo, em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, no concelho de Marvão, encontram-se preservados os vestígios do que outrora foi uma cidade romana.

Conhecida como Ammaia, ou cidade romana de Ammaia, esta é uma das ruínas mais antigas e mais importantes do país.

A Fundação Cidade de Ammaia, foi constituída legalmente em 1997, e há 25 anos que é responsável por promover a investigação científica e gerir as escavações e o património das ruínas, ainda que através de poucos recursos, como conta em conversa com o TA, o arqueólogo Joaquim Carvalho. “Embora a Ammaia já seja um dos museus do interior do país com maior número de visitantes, ainda não tem um número que permita a autossustentação de todo o projeto.”

São parceiros do projeto a Universidade de Évora, a Câmara Municipal de Marvão, e mais recentemente a Universidade de Lisboa, além de outras entidades particulares, o que tem facilitado os avanços arqueológicos dos últimos anos.

“Nós acreditamos que a área da Ammaia estará muito próxima dos 25 hectares de área urbana. Infelizmente, embora já tenhamos muito trabalho de escavação feito, face à dimensão dos 25 hectares, ainda só temos uma pequeníssima área escavada, que andará próxima dos 2%”, explica Joaquim.

A Fundação tem também um museu, composto com peças que foram encontradas na Ammaia, desde os finais do século XIX, e outras encontradas durantes as escavações, e conta também com um laboratório, onde se fazem os restauros das peças encontradas.

Nos últimos três anos a Fundação tem-se dedicado às escavações de um antigo anfiteatro romano, como refere o arqueólogo, “tentámos encontrar os antigos edifícios de espetáculos da Ammaia, e conseguimos descobrir um anfiteatro, que é como se fosse um mini coliseu, e tem sido nesse espaço que temos investido a maioria das escavações. É um edifício monumental onde se faziam as antigas famosas lutas dos gladiadores. É uma área imensa.”

Em termos arqueológicos, Joaquim refere que para a região, a Ammaia é tida como “uma das joias da coroa”. E acredita-se que num futuro muito próximo poderá ser “um grande polo de desenvolvimento, em termos culturais e patrimoniais, devido à sua riqueza”.

A curiosidade por parte dos turistas em relação às antigas ruínas romanas, tem vindo a aumentar nos últimos anos. Antes da pandemia, a Ammaia já contava com cerca de 15 mil visitantes anuais, estando os números a subir 15% a cada ano, principalmente depois do projeto Radio-Past, que consistiu numa escavação digital, divulgada em 2013, depois de cinco anos de trabalho no terreno, que veio permitir identificar a planta da cidade e arredores, com vários pormenores relevantes das principais ruas e monumentos da Ammaia.

Quem visitar a Ammaia, pode ver o museu e ter “uma noção de como viviam os romanos há 2 mil anos atrás, e perceber que o mundo não mudou assim tanto, porque nessa altura as pessoas já tinham condições dignas de vida na Ammaia, já existiam por exemplo sistemas de esgotos.”

A Ammaia está aberta a visitantes todos os dias do ano, incluindo fins de semana e feriados, à exceção do dia de natal e do dia 1 de janeiro.