24 Junho 2021      10:50

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Ambientalistas acusam Portugal de apoiar lobby para a agricultura intensiva

O Gabinete Ambiental Europeu (The European Environmental Bureau), a maior rede de organizações ambientais de cidadãos da Europa e da qual faz parte a associação portuguesa Zero — Associação Sistema Terrestre Sustentável, acusou a União Europeia, o Governo de Portugal e os agricultores de contribuírem para um “lobby para a silvicultura e a agricultura intensiva”, a quem o próprio Executivo pede ajuda “para avaliar as suas decisões e planos de apoios”.

Segundo o portal agriculturaemar.com, esta afirmação advém de uma análise feita aos planos do Governo português para os apoios da futura Política Agrícola Comum (PAC), que deverá ficar acordada até 29 de junho, no Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas (Agrifish).

Os ambientalistas criticam, assim, as escolhas do Governo português para os apoios da PAC porque “recompensará o lobby da agricultura intensiva, o agravamento do uso insustentável da água” e de vir a “desviar fundos ambientais para atividades que podem realmente prejudicar o meio ambiente”, apoiando “o declínio contínuo da paisagem tradicional portuguesa a favor da agricultura intensiva”.

Para o The European Environmental Bureau, “estes desenvolvimentos irão ameaçar Portugal nas suas obrigações legais internacionais, no que diz respeito ao meio ambiente, à poluição da água e ao clima em geral”, pondo em causa a “meta de redução de emissões climáticas de 11% para o setor agrícola”.

Adicionalmente, os ambientalistas referem que os apoios programados “sugerem que o Governo continuará a apoiar fortemente o regadio e a Barragem do Crato (Pisão) e os seus perímetros de rega”, realçando que, no Algarve, “as novas infraestruturas de regadio e os incentivos e ao uso da água irão agravar o problema”.

“A expansão do regadio é um dos principais focos dos planos de aumento da produção agrícola e da sua competitividade internacional. Isso significa mais intensificação agrícola e um acelerando o já rápido desaparecimento das paisagens tradicionais, particularmente no Sul”.

Assim, os ambientalistas preferiam que a nova PAC apoiasse, através de “apoios ambientais aos jovens agricultores”, apoios para “fortalecer os sistemas de seguro agrícola, de colheita, de intempéries”, orientando a agricultura “para um futuro mais seguro”. Mas, “em vez disso, acabam a promover as explorações agrícolas insustentáveis, ​​que são menos resilientes ou que reduzem a segurança alimentar, como as monoculturas”.

A rede de organizações ambientais vai ainda mais longe ao afirmar que “a agricultura é a maior causa do colapso das populações de animais selvagens na Europa” e que é “um setor pouco capaz de capturar as emissões atmosféricas de carbono”, sendo ainda, “atualmente, um grande contribuidor para o aquecimento global”. Com a nova PAC, “a maior parte do dinheiro” irá “para as explorações agrícolas mais poluentes”.