20 Julho 2018      13:14

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Alvito declara-se Autarquia sem Glifosato

O município de Alvito, no Baixo Alentejo, declarou-se Autarquia sem Glifosato, por deixar de utilizar herbicidas para o controlo de ervas daninhas nas suas freguesias (monda química). A iniciativa foi feita ao abrigo de um acordo com a associação ambientalista QUERCUS.

Recorde-se que já o município de Serpa havia abandonado a utilização da monda química nas ervas daninhas, substituindo o tratamento por monda térmica, com recurso a água a alta temperatura.

O Roundup ou Spansor como é conhecido comercialmente, é o herbicida mais vendido no mundo, tendo como substância ativa o glifosato.

A utilização de glifosato como meio de eliminação das plantas invasoras tem sido excessiva, chegando a ser detetado em análises de rotina a alimentos, água, ar, urina, sangue e até leite materno.

Segundo aquela autarquia alentejana o glifosato demora cerca de 30 a 90 dias a degradar-se, período suficiente para se manifestarem efeitos negativos no meio ambiente.

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, da Organização Mundial da Saúde, realizou estudos sobre a exposição de pessoas ao glifosato durante atividades agrícolas que mostraram que pode causar cancro (linfoma não-Hodgkin). Em países de maior consumo de glifosato, a incidência de cancro é das mais elevadas, assim como o desenvolvimento de outras doenças degenerativas (Alzheimer, Parkinson), doenças do desenvolvimento (aborto espontâneo, autismo, malformações congénitas), infertilidade, entre outras.

Além dos efeitos nefastos na saúde humana e animal, também no meio ambiente provoca consequências como a perda de biodiversidade, contaminação dos cursos de água, diminuição das espécies auxiliares para a agricultura.

 Existem várias alternativas à utilização de glifosato que não prejudicam a saúde pública nem contaminam o meio ambiente, nomeadamente a monda térmica que provoca a destruição das plantas por ação do calor causando a morte, não por combustão mas pela rotura das membranas das células. O método mecânico, que apresenta outras vantagens e potencialidade, uma vez que se pode aproveitar a biomassa e gerar composto para uso e fertilização de jardins e consequentemente a redução de utilização de adubos químicos.

Em comunicado a autarquia defende que para proteção da saúde da população e do meio ambiente será "necessário tolerar mais as ervas, pois têm uma função fundamental, retiram CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera e libertam oxigénio, tornando o ar que respiramos mais saudável".

 

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