25 Março 2021      13:11

Está aqui

Alqueva tem praticamente a mesma quantidade de água que Espanha

As chuvas de fevereiro encheram de tal forma o Alqueva, que há praticamente a mesma quantidade de água que os espanhóis conseguiram armazenar no seu lado da bacia do Guadiana, avança o Público.

A 22 de março, o balanço apresentado pela Confederación Hidrográfica del Guadiana (CHG) contabiliza que a soma do volume de água existente nas 34 barragens instaladas em território espanhol atingia os 3884 milhões de metros cúbicos, quando podem receber 9438 milhões de metros cúbicos de água.

No mesmo dia, e segundo os dados do Serviço Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), nas nove albufeiras instaladas na bacia hidrográfica em território português, a reserva de água atingia os 4133 milhões de metros cúbicos, superando em quase 250 milhões de metros cúbicos o volume concentrado na bacia espanhola. Das nove barragens distribuídas por esta bacia do Guadiana, cinco atingiram o nível de pleno enchimento (100%).

Só no Alqueva, a disponibilidade hídrica era praticamente idêntica à que se observa no outro lado da fronteira: 3780 milhões de metros cúbicos, 91% da sua capacidade máxima de 4150 milhões de metros cúbicos.

Neste sentido, o contraste é ainda maior quando comparado com as maiores barragens espanholas instaladas na bacia do Guadiana: La Serena, “o Alqueva espanhol”, tem apenas 19%, quando pode armazenar 3219 milhões de metros cúbicos. Já a Cijara está nos 33,7% da sua capacidade máxima de 1505 metros cúbicos e a albufeira de Alange com 24,2% dos 878 milhões de metros cúbicos que pode armazenar. Ou seja, estas três barragens armazenam 52% da água de todo o sistema hídrico público do Guadiana em Espanha e, neste momento, o volume que apresentam é de apenas 1331 milhões de metros cúbicos (28,2%).

De acordo com os dados publicados a 22 de março, das 67 albufeiras monitorizadas de norte a sul de Portugal, 34 apresentam disponibilidades hídricas entre os 80% e os 100% do volume total, 22 têm uma reserva de água entre 50% e os 80% e apenas quatro têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total.

Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estrutura de Alqueva (EDIA), disponibilizou o resumo do mês de fevereiro das afluências a Alqueva, que dá conta do repentino e substancial aumento no volume de água que ficou armazenado nas grandes e pequenas albufeiras, charcas e açudes dispersos pelo Alentejo.

Na rede hidrográfica da bacia do Guadiana, em território português, contabilizam-se cerca de 1643 infraestruturas hidráulicas e, destas, 644 apresentam uma altura superior a dois metros, o que revela a intensa artificialização de todas as linhas de água.

Nesse mesmo mês de fevereiro, e a partir de Espanha, entraram em Alqueva 362 milhões de metros cúbicos de caudais, os quais foram acrescidos de mais 305 milhões de metros cúbicos de afluências vindas de todas as ribeiras e linhas de águas que drenam para a sua albufeira. Adicionalmente, a chuva direta na superfície da albufeira de Alqueva, com 25 mil hectares de área, deixou no enorme reservatório um acréscimo de cerca de 24 milhões de metros cúbicos de água.

Já no processo de bombeamento/turbinamento (caudal que sai para a produção de energia e o que é devolvido à albufeira) na Central Hidroelétrica de Alqueva, foram movimentados cerca de 158 milhões de metros cúbicos de água.

No Pulo do Lobo foram escoados cerca de 140 milhões de metros cúbicos: 50 milhões libertados a partir da albufeira de Pedrogão, contraembalse do Alqueva, e 90 milhões trazidos pelos caudais das ribeiras de Terges/Cobres, do Enxoé, Limas, Carreiras, Oeiras e Vascão, afluentes do rio Guadiana.

Quanto ao dia 6 de fevereiro, foi quando se registou o maior caudal no Pulo do Lobo, cerca de 34 milhões de metros cúbicos, que quase fizeram desaparecer a sua mais famosa cascata.

 

Fotografia de fi.pinterest.com