A região de Alqueva, localizada no Alentejo, Portugal, tem sido um símbolo de desenvolvimento agrícola graças à sua vasta barragem, considerada a maior reserva de água da Europa. No entanto, recentes estudos e análises apontam para uma preocupante escassez de recursos hídricos para a rega das culturas de olival e amendoal, que têm crescido exponencialmente nos últimos anos.
A expansão do olival e do amendoal no perímetro de rega de Alqueva tem sido notável. De acordo com dados da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva), o olival e o amendoal já ocupam uma significativa porção da área de regadio, com o olival sendo a cultura dominante. Esta expansão foi impulsionada não apenas pela viabilidade econômica dessas culturas, mas também pelo acesso à água que Alqueva proporcionou.
Um estudo recente desenvolvido pela Agro.Ges para a OLIVUM e PORTUGAL NUTS revelou que as atuais dotações máximas de água para rega atribuídas pela EDIA são insuficientes para atender às necessidades hídricas do olival e do amendoal, particularmente considerando os efeitos das mudanças climáticas. A situação pode levar a perdas significativas de produtividade se não houver uma gestão equilibrada dos recursos disponíveis.
Para mitigar o problema, a EDIA tem implementado diversas restrições no acesso à água. Desde 2019, foram colocadas limitações no fornecimento de água para novas plantações de culturas permanentes fora dos blocos de rega estabelecidos, como resposta à utilização abusiva dos recursos hídricos.
A intensificação do olival e do amendoal tem levantado preocupações ambientais, incluindo a degradação do solo, a perda de biodiversidade e o consumo excessivo de água. A gestão da água em Alqueva deve considerar não apenas a viabilidade agrícola, mas também a sustentabilidade ecológica, especialmente em um contexto onde o clima está se tornando mais seco.
Olhando para o futuro, há um reconhecimento da necessidade de uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos. Propostas incluem a melhoria da eficiência de rega, a introdução de culturas menos intensivas em água e uma coordenação mais estreita entre Portugal e Espanha, dada a natureza transfronteiriça do Guadiana. Além disso, a EDIA e outras entidades estão investigando tecnologias e práticas de rega que possam minimizar o uso de água sem comprometer a produtividade agrícola.
A questão da escassez de água para a rega do olival e amendoal em Alqueva não é apenas um desafio agrícola, mas também um ponto de reflexão sobre a sustentabilidade dos recursos naturais em um mundo em mudança climática. A necessidade de encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a preservação ambiental é mais urgente do que nunca, exigindo uma abordagem integrada e inovadora para a gestão dos recursos hídricos em Alqueva.
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