13 Março 2018      18:55

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Alentejo, Património e Turismo - Desafios do Futuro

Vivemos uma fase de crescimento turístico sem precedentes.

Portugal tornou-se, nos últimos anos, no “país da moda”. As “luzes da ribalta” incidem sobre o nosso território e o aumento do número de visitantes tem sido exponencial, com especial incidência nas grandes cidades, como Lisboa e o Porto.

Será possível que este fluxo crescente seja estimulado também no interior do país, especialmente no Alentejo?

Penso claramente que sim!

Mas em que sentido, ou de que forma, poderá a nossa região ser ainda mais apelativa para potenciais visitantes?

A excecionalidade do património alentejano pode ser uma resposta.

Defendo que a fórmula para que a nossa oferta seja ainda mais diversificada deverá ser baseada numa aposta clara na reabilitação de conjuntos monumentais, na sua valorização, divulgação e na sua funcionalidade.

Não basta reabilitar, é preciso dar uso!

Abrir os monumentos ao público, criar eventos e rotas, ajustar horários, intervir com rigor na recuperação dos espaços e apostar em critérios de qualidade, sempre em conjugação com os sectores do turismo, da hotelaria, da restauração e dos vinhos, deve ser uma prioridade.

Um dos fatores que mobiliza a circulação dos designados “turistas culturais” baseia-se precisamente pela busca de novas experiências, pela fruição da “atmosfera do lugar” e pela conjugação de diversos atrativos, que passam pelo património, pela gastronomia e pelos vinhos. Estes “novos” turistas são motivados pelo conhecimento da cultura, dos costumes, das tradições e das identidades locais. Por estes factos, a inserção do património cultural nas atividades turísticas tem vindo a ganhar um peso cada vez mais significativo.

E o Alentejo tem tudo isso, com claros aspetos diferenciadores, singulares e genuínos, em relação ao resto do país e do Mundo.

Os valores intrínsecos presentes no património alentejano representam a harmonização de valores civilizacionais que formaram o carácter singular desta vasta região. E esses testemunhos, presentes na paisagem, nas pessoas e nas nossas cidades, vilas e aldeias, não deixam ninguém indiferente.

É preciso é trazer cá, cada vez mais, esses turistas! Para que deixem receitas e tornem apetecível o regresso. Somos um povo hospitaleiro e que sabe receber quem nos visita.

Se nos sectores hoteleiro, gastronómico e vinícola tem havido uma forte aposta no que há qualidade concerne, ainda temos muito a fazer em relação ao nosso património edificado. Muitos dos nossos monumentos encontram-se votados ao abandono, sem que sejam alvo de uma atenção cuidada por quem de direito. Mas seguramente que a sociedade civil também tem uma palavra a dizer, assim como os potenciais mecenas, se o património começar a ser encarado numa outra perspetiva. Basta haver vontade e diálogo entre os intervenientes.

Seguramente que um investimento significativo nesta área poderia trazer muitos benefícios, como mais um fator de atratividade concreto e objetivo. E certamente que o retorno económico poderia ser possível, com base numa estratégia clara e norteada por padrões de qualidade, rigor e através de uma forte divulgação, em diferentes contextos. Ainda temos muito que trabalhar nesta matéria, apesar de muitos passos já terem sido dados!

São alguns os exemplos de sucesso, que demonstram como a requalificação patrimonial pode servir de âncora ao desenvolvimento. Muitas autarquias, com ou sem apoio de privados, têm investido nessa vertente, com claro benefício para o tecido económico local. Neste como em tantos outros casos, é preciso alguma ambição e a vontade política de valorizar esses bens culturais, permitindo a sua fruição pública, e simultaneamente, promovendo a obtenção de receitas. São muitos os tesouros desta terra, que podem e devem ser aproveitados para estimular o seu desenvolvimento e a fixação de populações.

Será esta estratégia a solução para todos os desafios?

Seguramente que não, mas o património e o turismo, de mãos dadas, podem resolver muitos problemas.

Imagem de capa do FIMM