Um grupo de 180 pessoas com raízes ou ligações à região do Alentejo entregou, na passada sexta-feira, um abaixo-assinado contra “o projetado desmantelamento” da Direção Regional de Cultura do Alentejo e a sua integração na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo”, decisão que os subscritores deste protesto público consideram “um clamoroso erro”.
Segundo o jornal Público, o abaixo-assinado inclui vários historiadores de relevo, como António Borges Coelho, António Ventura e Luís Farinha, tendo sido lançado pelo historiador e jornalista Eduardo Raposo e pelo editor da Colibri, Fernando Mão de Ferro. Além disso, o documento foi assinado pelos arqueólogos Luís Raposo e Manuel Calado, além de autarcas, empresários e dirigentes associativos da região.
Da área das artes, juntam-se ainda ao abaixo-assinado os músicos Vitorino, Janita Salomé, António Chainho, Francisco Fanhais, Manuel Freire e Luís Cília.
Os subscritores defendem que são “as práticas culturais”, a par de “monumentos de vária ordem e sítios arqueológicos inseridos em importantes e ricas paisagens”, que “movimentam e, em não poucas situações, sustêm economicamente lugares e terras, e prendem ainda os seus habitantes a lugares cujo sustento de outrora desapareceu, na voragem de outros paradigmas económicos e sociais”.
Neste sentido, os subscritores acreditam que “defender este legado é manifestar solidariedade institucional e reconhecimento, a todos aqueles que fizeram, e fazem, do seu quotidiano uma luta, sem tréguas, contra a desertificação da memória e do território e que, incompreensivelmente, são esquecidos por quem decide e traça, a régua e esquadro, políticas estranhas à realidade dos seus dias e do seu futuro”.
De acordo com o mesmo documento, esta defesa exige “uma atenção redobrada” dos poderes públicos e requer “equipas com profundo conhecimento científico e estratégico, para a necessária decisão de prioridades”, mas que tenham igualmente “uma imprescindível apetência para o diálogo” com autarquias, clero, técnicos, agentes culturais, associações e outros intervenientes.
Os subscritores acreditam que a Direção Regional de Cultura (DRC) do Alentejo tem cumprido esta missão, salientando que “temos sentido [na DRC do Alentejo] um comportamento sério, altamente responsável e de grande empenho e que, apesar da crónica falta de verbas, tem sabido e procurado manter a causa da Cultura, no Alentejo, um organismo vivo e ao serviço da comunidade e do seu desenvolvimento, assim como da sua história” e da defesa dos valores respeitantes à sua “identidade e memória”.
Para Eduardo Raposo, uma das preocupações é o que esta extinção poderá significar para as muitas áreas de intervenção atualmente cobertas pela DRC que não são mencionadas na legislação que estabelece a transferência de competências para as CCDR.
Fotografia de jn.pt