31 Julho 2022      10:11

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“Alentejanos de gema” - Artur Pastor

um artigo de Joana Casca

Assinala-se este ano o centenário do nascimento de Artur Pastor, considerado um dos mais notáveis fotógrafos portugueses do século XX.

Nascido em 1922, em Alter do Chão (distrito de Portalegre), Artur termina o curso de Regente Agrícola em Évora, na Herdade da Mitra, em 1942. É nesta altura que faz o seu primeiro trabalho de fotografia, para ilustrar a sua tese final, e que descobre a paixão por esta arte que o viria a acompanhar o resto da sua vida. Durante o período inicial da sua carreira artística, colaborou em diversos jornais com artigos de opinião e peças de cariz literário.

Artur trabalhou cerca de trinta anos como Engenheiro Técnico Agrário na Direção-Geral dos Serviços Agrícolas (DGSA), em Lisboa. Ao longo destes anos, foi responsável produção e organização dos milhares de fotografias que compõem a sua Fototeca. Em simultâneo, colaborou também com várias entidades ligadas à agricultura, como as Juntas Nacionais do Azeite, do Vinho, das Frutas, a Federação Nacional dos Produtores de Trigo, entre outras.

A sua profissão permitiu-lhe percorrer o país de norte a sul, recolheu milhares de fotografias, que se tornaram o testemunho de um Portugal multifacetado. Reuniu imagens de ambientes urbanos, rurais, de pessoas e de costumes. Procurou retratar, através da sua lente, os percursos da agricultura (sementeiras, a recolha da batata, tratamento dos solos com fertilizantes, apanha da azeitona, vindima, entre outras atividades do campo), da pecuária e da floresta, de norte a sul de Portugal.

Para Artur Pastor, “a fotografia não é apenas a tradução de um simples negativo, do maravilhoso pôr do sol, de uma máscara fisionómica admirável, do momento colhido da sua mais espontânea perfeita feição, é sobretudo a minha opinião, a própria arte de ver.”

Os seus trabalhos possuem uma qualidade artística invulgar, o artista alentejano chegou mesmo a registar fotografias a pedido de entidades governamentais e participou em várias exposições e feiras não só em Portugal como no estrangeiro. Colaborou também em Salões Nacionais e Internacionais de Fotografia, onde obteve diversos prémios.

Em novembro de 1968, foi-lhe atribuído a grau Oficial da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial, pelo serviço prestado enquanto fotógrafo de Ministério da Agricultura.

O espólio de Artur Pastor está alojado em arquivos de várias entidades públicas, com destaque para o Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa. Contém milhares de fotografias, quer a preto e branco, como a cores. O alentejano dedicou a sua vida a captar e a registar as várias facetas de Portugal e do seu povo.

 Em Évora, o centenário do nascimento deste fotógrafo alentejano, é assinalado pela Direção Regional de Cultura do Alentejo, com a exposição “Évora Património – Fotografias de Artur Pastor”, que conta com um conjunto de 92 fotografias a cores, captadas por este artista, no século XX. A exposição vai ficar patente ao público até dia 23 de setembro.

 

Imagem de wikimedia.org