9 Maio 2016      16:31

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PARA ALÉM DO “SOL E MAR” – HÁ O INTERIOR ALENTEJANO

"VISÃO PERIFÉRICA"

Seja de dia, seja de noite, nesta reconhecida e constante dicotomia, esbate-se a linha cruzada do tempo e da sua vastidão nos campos de trigo e papoilas. Fala-se do tempo? - Sim, é certo que se fala nessa noção abstrata inerente à perceção da ocorrência dos acontecimentos, mas que tempo é esse no nosso Alentejo?

 

É o tempo que não perdemos, é o tempo de uma pausa, é a realidade invisível e contrastante que nos caracteriza e que tanto nos devia orgulhar em contraponto com aquilo que se vive nas tais linhas cruzadas, nos grandes e caóticos centros urbanos, no inquieto e ansioso desespero por concretizar a nossa missão diária.  

                                     

À parte do registo embebido de lirismo que decidi adotar, é este manancial repleto de adjetivos que nos caracteriza, são os valores de uma identidade muito própria e simplista, de uma dinâmica social do bem acolher mergulhada na excecionalidade do património e legado cultural, tanto a nível material como imaterial.

 

É inegável o crescimento económico vivido na região alicerçado ao setor do Turismo que se configura como uma atividade fundamental e indispensável no tecido empresarial do Alentejo. As estatísticas confirmam-no, e os sucessivos prémios atribuídos, galardoando agentes locais ligados ao setor, deixam antever previsões de uma procura turística sempre em crescendo.  

 

Já bem explicito o valor do Turismo na região e com um rol de potencialidades desde a arquitetura, património, gastronomia, vinhos, azeites, etc. (porque elencar todos os atributos obrigaria a um artigo especifico) resta ainda um árduo trabalho nas intenções de valorização do destino, porque se as previsões são otimistas, não há razão para que se maximizem e rentabilizem ainda mais, correto?

 

Segundo o Turismo 2020 – 5 Princípios para uma Ambição: “Uma boa marca turística é aquela que responde às exigências competitivas do mercado, afinada na estrutura de identidade do destino e enquadrada numa plataforma de projeção no futuro, ou seja, que esteja suficientemente enraizada para perdurar no tempo, pensada para colher frutos no presente e no futuro.”

 

Parece então premente uma aposta na notoriedade da região, alavancada com a promoção em cooperação com as estruturas turísticas competentes e obviamente com o setor empresarial, criando uma rede de trabalho que permita converter as oportunidades potenciais em vendas e compras efetivas. Reforço, de que nada serve um investimento identitário se não existir um retorno direto do mesmo, consubstanciando-se, por sua vez, no crescimento do número de turistas, de dormidas e de receitas.

 

Enfrentamos um perfil de consumidor mais exigente, ávido pela autenticidade, por aquilo que é impactante e culturalmente “real”, sem artifícios, portanto, e dessa perspetiva, tal como venho defendendo há muito, é necessário focar os mercados de forma diferenciada, capitalizando acima de tudo aquilo que são os nossos produtos de nicho e que caracterizam tão bem a região pela sua singularidade.

 

Outro aspeto indesmentível, é a necessária orientação para a internacionalização do setor na região dado que, quando olhamos para a quota do mercado externo assistimos a uma evolução positiva, de 24,2 p.p em 2007 para 34,6 p.p em 2014, ou seja, um crescimento em cerca de 10,4 p.p. Poderá ser esta uma indicação que leve à tão desejada inflexão e que inverta os fenómenos de sazonalidade e da concentração de procura no Alentejo? Esperemos bem que sim.

 

E o que nos reserva o futuro deste setor promissor, em minha opinião?

 

Primeiro anseio que a médio/longo prazo possamos ter um reconhecimento internacional do nosso destino e consequente identidade e marca cimentadas no plano dos mercados externos. Em segundo, desejo acima de tudo mais, que as PME possam vislumbrar e potenciar o seu sucesso e com isso alcançar um patamar consolidado na internacionalização do seu negócio.

 

É que à semelhança daquilo que já foi uma bandeira promocional do Turismo no Alentejo: - Já é tempo para sermos felizes, no Alentejo com certeza!

 

Imagem © Chris Ford, Monsaraz.