25 Setembro 2020      09:54

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Alegada destruição de anta em Évora motiva queixa-crime

Ana Paula Amendoeira, diretora da Direção Regional de Cultura do Alentejo

A Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen) e o Grupo Pró-Évora, uma associação de defesa do património da cidade alentejana, apresentaram uma queixa-crime pela alegada destruição de uma anta numa herdade perto de Évora, devido à plantação de um amendoal intensivo.

Em declarações à Lusa, Ana Paula Amendoeira, diretora regional da DRCAlen, afirmou que “já fizemos aquilo que temos que fazer”, que foi “a comunicação, como queixa-crime, da destruição de património” junto do Ministério Público.

O monumento localiza-se na área geográfica de Torre de Coelheiros, no concelho de Évora, sendo uma das várias antas que estão referenciadas na Herdade do Vale da Moura.

A diretora regional de cultura disse que também “teve conhecimento da destruição de património arqueológico na Herdade do Vale da Moura”, a qual ocorreu “na sequência de um projeto de agricultura de amendoal de regadio”.

A responsável garantiu ainda que a DRCAlen está “a avaliar a extensão do que foi efetivamente destruído” para, posteriormente, “fixar medidas de salvaguarda dos trabalhos arqueológicos que vão ter que ser feitos em todo o caso”.

Já o Grupo Pró-Évora revelou que “a destruição deste património arqueológico, de finais do período neolítico ou do calcolítico, ocorreu neste verão, apesar de os responsáveis pela plantação naquela propriedade (arrendada) estarem informados da sua existência”.

A associação revelou também que o monumento megalítico funerário alegadamente destruído “consta do Inventário Arquitetónico e Arqueológico do PDM de Évora, sendo considerado de reconhecido valor ‘a classificar'”.

Marcial Rodrigues, presidente do Grupo Pro-Évora, indicou à Lusa que a anta ficou “completamente danificada”, nomeadamente as pedras que se encontravam na vertical e que formavam o monumento. “Os mecanismos de fiscalização são quase inexistentes”, observou, admitindo que “não pode andar um técnico pelo campo o dia inteiro a ver o que se passa” durante a plantação de culturas.

O Grupo Pro-Évora, em comunicado, já tinha alertado para “o grande número de destruições ou afetações de património arqueológico, provocadas por revolvimentos de solos de grande profundidade e extensão, associados ao incremento de culturas intensivas”. A associação apelou ainda ao “reforço do controlo administrativo por parte do Estado, em particular do Ministério da Cultura, mas também do município de Évora”, para “evitar novas ocorrências”.

 

Fotografia de infocul.pt