20 Janeiro 2022      11:16

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Agricultores de Portalegre “apreensivos” com falta de chuva

Fermelinda Carvalho, presidente da AADP

A Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP) mostrou-se “apreensiva” pela falta de chuva na região, porque, apesar de a situação ainda não ser “dramática”, as culturas de primavera/verão “estão muito longe” de estarem asseguradas.

Em declarações à agência Lusa, Fermelinda Carvalho, presidente da AADP, alertou que “as culturas de primavera/verão precisam de muita água e, por enquanto, não estão garantidas, estão muito longe de estarem garantidas”.

Quanto às culturas de outono/inverno, segundo a responsável, estão nesta altura “a precisar de mais água”, mas, por agora, a situação “ainda não é dramática” para a maior parte.

“Mas, dentro de pouco tempo, é [dramático], se não chover”, acrescentou Fermelinda Carvalho.

A dirigente relatou ainda que, devido à falta de chuva, as pastagens “estão muito fraquinhas, muito atrasadas”, situação que leva o setor a considerar que este está a ser um ano agrícola menos positivo.

“Estamos apreensivos, não estamos perante um bom ano agrícola”, frisou, manifestando ainda alguma expetativa quanto à primavera, período do ano que “é fundamental na agricultura”.

A presidente da AADP argumentou que, “por vezes, na primavera as coisas recompõem-se, desde que chova muito”, mas, neste momento, a chuva que já caiu “é insuficiente”.

Os “níveis muito baixos” que as barragens começam a apresentar é, igualmente, uma situação que está a preocupar o setor, segundo a responsável.

“Ao nível de água no campo, tivemos um início de outono que não foi mau. Choveu qualquer coisa, mas para as reservas de água está muito mau e começa a ser muito preocupante, até porque não temos perspetivas” para os próximos tempos de que vá “chover a sério”, acrescentou.

Já Luís Rodrigues, da Associação de Regantes e Beneficiários do Caia, em Elvas, indicou que a campanha deste ano “está assegurada”, bem como o fornecimento de água às populações.

Em termos agrícolas, o responsável alertou que, devido à irregularidade da precipitação, esse fator provoca transtornos aos agricultores, que não conseguem programar campanhas a dois ou três anos.

Luís Rodrigues indicou ainda que a albufeira de Caia apresenta 109 milhões de metros cúbicos de água armazenados, estando a 57% da sua capacidade total, que é de 203 milhões de metros cúbicos de água.

Recorde-se que a climatologista Vanda Cabrinha disse à Lusa, na terça-feira, que a situação de seca em Portugal, especialmente no Sul, começa a ser preocupante, mas considerou que ainda não chegou aos piores níveis dos últimos 20 anos para esta altura.

A situação de seca “entre fraca e moderada” já se verificava no último trimestre de 2021 e não há para já previsões de chuva significativa, pelo menos até ao fim de janeiro, segundo a mesma climatologista.