1 Julho 2020      09:46

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Carlos Zorrinho volta à carga com a Central Nuclear de Almaraz

Carlos Zorrinho, eurodeputado

O eurodeputado eborense Carlos Zorrinho, do PS, voltou a interpelar a Comissão Europeia sobre um novo incidente, o segundo em cinco dias, na central nuclear de Almaraz, em Espanha.

Numa questão enviada ao executivo comunitário, o deputado pergunta “que ações pretende a Comissão tomar para verificar o que aconteceu e os potenciais riscos de repetição e ou agravamento”, e se Bruxelas entende “que foi respeitado o dever de informação definido pela diretiva aplicável”.

Em 2016, Carlos Zorrinho já havia questionado por escrito a Comissão Europeia sobre a segurança e a operacionalidade da central nuclear espanhola, e agora voltou a fazê-lo. Reportando-se ao incidente do passado sábado, o deputado eborense salienta que, nos termos da legislação aplicável (a diretiva 2014/87/Euratom), “os Estados-Membros velam por que as informações necessárias relacionadas com a segurança nuclear das instalações nucleares sejam facultadas ao grande público, devendo ser prestada particular atenção às autoridades locais, à população e às partes interessadas que se encontrem na proximidade de uma instalação nuclear”.

Adicionalmente, Carlos Zorrinho questiona ainda se foi respeitado o dever de informação, “tendo em conta que um incidente em Almaraz põe em risco as águas do rio Tejo, que abastece Lisboa e núcleos populacionais relevantes em Espanha e Portugal”.

Numa questão subscrita também pelos deputados Paulo Rangel, Maria da Graça Carvalho e Álvaro Amaro, o PSD pergunta à Comissão se “tem conhecimento de alguma diligência do Governo português no sentido de acelerar o encerramento desta central”, visto que este encerramento estava previsto para 2024, mas foi alterado em 2019 e reprogramado para 2028.

Às 03:33 de sábado, a central nuclear de Almaraz registou um incidente no reator da unidade II, mas sem registo de impactos no meio ambiente ou nos trabalhadores. O anúncio foi feito pelo Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol em comunicado: “o evento não teve impacto nos trabalhadores, no público ou no meio ambiente. Com as informações disponíveis até o momento, o incidente é classificado como nível 0 provisório na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES)”.

Em cinco dias, este foi o segundo incidente assinalado na central nuclear, depois de, no dia 22 de junho pelas 20:15, se ter registado outro incidente. Dessa vez, a unidade I foi interrompida automaticamente como resultado da ação da proteção de turbinas originárias do gerador elétrico. De acordo com informação dos proprietários da central ao CSN, também não se registaram impactos nos trabalhadores ou no meio ambiente.

Em operação desde 1981, a central está implantada numa zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.

Recorde-se que, em novembro de 2016, a resposta do Comissário Arias Cañete às questões levantadas pelo eurodeputado eborense confirmou que Espanha deveria ter aguardado nova diretiva antes de autorizar o investimento na central nuclear, onde já se verificavam indícios de quebras significativas de segurança.