24 Outubro 2021      10:51

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76 anos de ONU - “a todos, em todo o lado, que se unam”

“Nós, os povos das Nações Unidas” é a frase que dá que há 75 anos o mundo se modificava para sempre quando a 25 de abril de 1945, representantes de 51 países, reunidos em São Francisco, nos Estados Unidos, realizaram uma conferência que mudaria aquilo que era o mundo até então.

Ainda era bem patente o receio do surgimento de uma III Guerra Mundial e surgiu a necessidade de se criar uma organização que promovesse a cooperação internacional e que pudesse evitar novos conflitos. Acaba por ser uma versão mais formalizada e melhorada da Sociedade das Nações e que foi promovida entre a primeira e a segunda Guerras Mundiais, não tendo sido capaz de manter a paz mundial.

Nos seus objetivos, a Carta é clara logo no seu Artigo 1º: “Os objetivos das Nações Unidas são:

1. Manter a paz e a segurança internacionais e para esse fim: tomar medidas coletivas eficazes para prevenir e afastar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão, ou outra qualquer rutura da paz e chegar, por meios pacíficos, e em conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajustamento ou solução das controvérsias ou situações internacionais que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;

3. Realizar a cooperação internacional, resolvendo os problemas internacionais de carácter económico, social, cultural ou humanitário, promovendo e estimulando o respeito pelos direitos do homem e pelas 6 liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;

4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns.”

76 anos depois, estes princípios e valores não perderam importância e, aliás, a situação mundial que se vive hoje, causada quer pela pandemia da Covid-19, quer pelo ressurgimento de fortes tensões entre grandes potências armadas, lideradas por seres menos equilibrados e conscientes.

A ONU é atualmente presidida pelo português António Guterres, que, aos desafios sempre existentes da fome, pobreza, desigualdade, falta de condições mínimas de vida, conflitos armados, entre outros, muitos outros, tem agora em mãos a gestão da dissonância constante dos princípios da ONU por parte de um dos seus blocos fundadores e um dos países de maior relevo mundial: os Estados Unidos.

Hoje a organização conta com 193 países e tem sede em Nova Iorque. É composta por 17 agências especializadas e das quias se destacam a AIEA - Agência Internacional de Energia Atómica, a OIT - Organização Internacional do Trabalho, o FMI - Fundo Monetário Internacional, a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a OMT - Organização Mundial de Turismo, o PAM - Programa Alimentar Mundial e a OMS - Organização Mundial da Saúde.

Ao longo destes já 76 anos, felizmente, a História do mundo tem sido feita mais pela Paz e pela estabilidade que pela guerra, embora ainda longe do mundo fraterno e de igualdade que é desejável, a ONU tem desempenhado um papel fulcral no término de conflitos armados e no apoio e assistência humanitária a países e populações necessitadas.

Um dos momentos mais marcantes da ONU será sem dúvida aquele que ocorreu em 1948 com a aprovação da Carta dos Direitos Humanos.

Ambas as Cartas têm sido alvo de constantes violações, por parte de vários países, e às quais a ONU vai dando resposta, com uma adaptação constante e dinâmica de métodos e formas de mediação. Não faltam bons princípios, boas bases, sempre com o Ser humano e planeta no centro.

Ao longo destes 76 anos, a ONU teve já 9 secretários-gerais. O primeiro foi o norueguês Trygve Lie e que foi sucedido pelo sueco Dag Hammarskjöld. O seguinte era birmanês (atual Myanmar) U Thant a que se sucedeu, novamente um europeu, o austríaco Kurt Waldheim. Sucederam-se Pérez de Cuéllar (peruano), Boutros-Ghali (egípcio), Kofi Annan (ganês) e Ban Ki-moon (sul-coreano). Atualmente, é o português António Guterres quem lidera os destinos da ONU e a modernidade e a prosperidade – face ao início da ONU - não têm sido sinónimo de tarefa facilitada.

Esta crise pandémica mundial veio pôr a nu ainda mais constrangimentos, e os líderes que os dirigem têm muita (senão toda) culpa no estabelecer de linhas de pensamento dissonantes à Paz, à Liberdade e à Igualdade. Uma vez mais, a solução estará em cada um de nós, no pensar e refletir individual, e no princípio tão simples de ser-se capaz de nos colocarmos no lugar do outro. Guterres dizia o ano passado, na sua mensagem de aniversário da ONU que os "desafios colossais" que vivemos podem ser superados "com solidariedade e cooperação globais", apelando à união dos povos e dos humanos: "a todos, em todo o lado, que se unam."

Numa fase quase pós-pandémica, a recuperar lentamente a economia, em simultâneo com crises migratórias gigantescas e conflitos armados (ou a ameaça deles) sempre presentes, este ano, a mensagem de António Guterres segue o mesmo tom e afirma que “Apenas unidos poderemos enfrentar grandes desafios e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ao garantirmos que todas as pessoas, em todos os lugares, têm acesso às vacinas contra a Covid-19 o mais depressa possível. Assegurando e defendendo os direitos e a dignidade de todas as pessoas, especialmente dos mais pobres e desfavorecidos, das meninas e das mulheres, das crianças e dos jovens.”

 

Imagem de wikipedia. Org

Texto de TA adaptado e atualizado