15 Outubro 2021      09:59

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A «Bazuca» já esgotou os alvos?!

É verdade! A propagandeada chuva de dinheiro, solução para todos os males, a famigerada «bazuca» ou PRR, vai ficar toda contratualizada, ou seja, comprometida, antes do próximo NATAL! Bem sei que «comprometida», é uma coisa, e «executada» é outra! Na execução é que, como se costuma dizer, «a porca torce o rabo»! É que para cumprir com os compromissos com a UE as obras, todas as obras, têm de estar concluídas até 2026! O Pisão, por exemplo, tem de estar cheio de água e a funcionar, dentro de 3 a 4 anos...

Por isso, embora com a consciência de que na fase de execução se terão de fazer reformulações, o governo acelera ao máximo a contratualização das verbas do PRR de acordo com a lista de projectos que já tinha identificado e escolhido, havendo assim muito pouco espaço de manobra para tentar incluir ainda alguns novos projectos.

Entretanto, dada a urgência e celeridade que quis imprimir à «bazuca», deixou para trás a preparação do programa - 2030 -, que dificilmente terá condições operacionais antes do 2º semestre do próximo ano. Vamos pois ter uma pequena travessia do deserto, com o PRR comprometido e sem o 2030 a funcionar! O «vil metal», cuja anunciada abundância adocicou o nosso imaginário, gerando expectativas cor-de-rosa, vai afinal ter um «intervalo»!
Mas, não conseguirá ainda a região trazer para cá qualquer coisinha do PRR, antes de acabar o resto?

Podíamos começar por pedir que dessem ao Alentejo o mesmo tratamento que concederam a outra região, só por ser insular! Será por estarem rodeados de mar por todos os lados? Afinal aqui no Alentejo também temos mar num dos lados, e estamos cercados por um país estrangeiro e regiões concorrentes, a norte e a sul. Bem vistas as coisas, a nossa «interioridade» merece tanto como a «insularidade» ter direito à gestão regional duma percentagem do PRR!
Em coerência com o «cheirinho» de regionalização que introduziram com a eleição da presidência da CCDR, deixem a região decidir em parte aquilo em que quer investir!

O presidente da região Alentejo, conforme já repetiu várias vezes, está por certo de acordo, precisando apenas que a própria região se manifeste nesse sentido, «mandatando-o» para tal reivindicação. Até porque quando chegar a fase da execução, é de extraordinária importância a proximidade e empenhamento das entidades regionais.

Mas, além disso, por cautela, deve a região pedir JÁ, enquanto é tempo, a inclusão no PRR de alguns projectos que tenham escapado ao périplo eleitoral e anterior processo decisório.
Tendo em conta que todos concordam ser fundamental o fortalecimento do tecido empresarial, não sendo o PRR tão pródigo quanto desejável no apoio a empresas, nem as medidas que têm surgido muito adequadas à realidade
empresarial que temos no Alentejo, talvez por exemplo se possam definir algumas áreas de localização empresarial que alguns municípios se «esqueceram» de reclamar, ou desistiram de tentar face aos requisitos que o
regulamento impunha.

Também se pode avançar com outras alternativas na preparação de infraestruturas prioritárias para a região. No caso do Alto Alentejo, o projecto da ligação viária entre a A23 e a A6 seria exemplo de um bom aproveitamento das
«verbas sobejantes». No entanto, por todo o Alentejo não faltam bons exemplos de excelentes aproveitamentos que necessitamos apresentar e reclamar! A chave é essa precisamente: «apresentar e reclamar»! Quanto antes! Porque o
Natal é já amanhã.

Jorge Pais Presidente NERPOR-AE

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Natural de Portalegre, onde reside, Jorge Pais preside ao Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR). Casado, com um filho, licenciou-se em Direito e tem formação complementar em economia. Jorge Pais é ainda vice-presidente da CIP.