23 Agosto 2015      01:02

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TRAGÉDIA EUROPEIA

Ainda há poucas semanas se discutia o possível fim da Europa do Euro, o quanto as negociações e as pressões realizadas sobre um Estado Membro, a Grécia, eram contrárias ao espírito solidário e corporativo que dera inicio à União.

Silenciada a revolta grega, a Europa acorda, novamente, para a triste realidade que lhe bate diariamente à porta: há milhares de refugiados que olham para Europa como um sonho de uma vida.

A mesma Europa que criticamos e que tem, inquestionavelmente defeitos e erros na sua forma de evoluir, é, para milhares de refugiados do Magrebe, Médio Oriente e África não uma opção de vida, mas muitas vezes – e como os próprios refugiados referem – a única saída para viver.

Não fosse assim e o que faria pais fugirem com crianças nos braços, enfiarem-se em barcaças e tentarem atravessar o Mediterrâneo ou cruzar zonas de guerra para chegar à Europa?

A legitimidade de quem procura estabilidade e esperança na Europa é, portanto, inquestionável. Não tão inquestionável é a resposta que a Europa tem dado.

Alguns países recusaram-se a receber refugiados, depois fala-se de cotas de refugiados como quem fala de cotas de pesca, e mesmo assim ainda ninguém percebeu que a verdadeira e única solução para o problema não é discutir como receber os refugiados, nem onde os colocar, mas sim resolver os problemas que existem nos países de origem – mais a mais quando a Europa não estará isenta de culpas em alguns dos conflitos.

São diárias as notícias de recolhas de refugiados no mediterrâneo, por vezes, pelos piores motivos, mas agora os refugiados chegam também pelo Leste. Foi também notícia a invasão de africanos que tentava passar para Inglaterra pelo Canal da Mancha, quer escondidos em camiões quer mesmo pela linha do TGV. E agora chegam milhares de refugiados sírios e líbios às fronteiras gregas, turcas e moldavas na esperança de conseguir, quase milagrosamente, chegar aos países do norte da Europa. É a maior corrente de emigração desde a 2ª Guerra Mundial.

Olhando mais para trás, vêm também à memória imagens de centenas de africanos a tentarem ultrapassar as altas redes eletrificadas e arames farpados da fronteira de Ceuta com Marrocos e como muitos perdiam a vida e partes do corpo ao ficarem cortados nessa tentativa de colocar pé em solo Europeu (embora no caso seja geograficamente africano, Ceuta é administrativamente espanhola, e, como tal Europa).

E a Europa o que faz? Como responder a esta autêntica catástrofe humanitária?

São palavras fortes, é certo, mas carregue aqui e aqui veja as fotos e os vídeos. A situação é realmente drástica e está aqui mesmo, na nossa velha e cansada Europa. Pior é que parece não haver solução, nem que quem pode realmente fazer algo tenha vontade de o fazer.

 

Luís Carapinha

Diretor Executivo

 

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