1 Outubro 2015      16:22

Está aqui

RUI PULIDO VALENTE

TRIBUNA ALENTEJO (TA) - Porque é que se candidata à Assembleia da República?

RUI PULIDO VALENTE (RPV) - Candidato-me nestas legislativas com o objetivo de colocar o BE nas opções de voto dos Norte Alentejanos, chamando a atenção para a realidade do interior do País, para a crescente falta de autoestima territorial dos habitantes do distrito, para a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento. Sei que como candidato posso ser mais ouvido do que como um simples cidadão ativo e participante nos movimentos alternativos. Mostrar as potencialidades do Alentejo e o que de bom cá se faz, é uma prioridade.

 

TA - Que diferenças existem entre esta candidatura e as restantes?

RPV - A maior diferença a nível global é a defesa da reestruturação da dívida tendo como base uma forma diferente de financiamento da mesma e maior equidade e justiça na cobrança de impostos com vista a suportar o Estado Social (que muitos pretendem destruir). A nível regional a grande diferença reside na defesa da regionalização e de um diferente modelo de desenvolvimento do país, reconhecendo a necessidade de sair dos modelos convencionais e ajustar à realidade de cada concelho. Nesse sentido a mobilidade e a educação são fatores chave para uma nova abordagem ao território.

 

TA - No seu entender, quais são os pontos fortes do Alentejo?

RPV - Os pontos fortes do Alentejo são a sua sustentabilidade (pois tem muito espaço e pouca gente e consegue manter uma qualidade ambiental invejável), a sua cultura e personalidade (os traços fortes da arquitetura, do cante, do montado, da cortiça, da gastronomia, dos produtos tradicionais DOP e IGP, da tradição oral, do regime de propriedade, etc…), a sua diversidade e a sua história e natureza.

 

TA - E os fracos?

RPV - Falta de autoestima da população, falta de confiança no futuro, desconfiança por experiência de maus tratos durante muito tempo.

 

TA - Ainda se justifica utilizar os termos “esquerda” e “direita” em política?

RPV - Para mim justifica-se a utilização desses termos uma vez que continua a estabelecer a fronteira entre aqueles que defendem um Estado Social forte e valores de justiça e bem-estar associados a um modelo de sociedade que reduz as desigualdades. Para avaliar esta questão o melhor exemplo será analisar o comportamento dos Partidos Socialistas da Europa que perderam a noção de esquerda e direita e aceitaram muitas ideias que pouco têm a ver com a social-democracia.

 

TA - Portugal virado para a Europa e para a União Europeia, ou não?

RPV - Portugal virado para a Europa mas uma Europa assente na cultura e história de cada país respeitando a autonomia de cada um. Uma Europa sem tratado orçamental, sem centralismos e em rede. Uma Europa dos cidadãos e não uma Europa dos eurocratas. Uma Europa da coesão e não do dinheiro e do comércio. Uma Europa sem TTIP. Uma Europa sem domínio de uma família política (ou duas).

 

TA - Regionalização: sim ou não?

RPV - Claro que sim, mesmo antes de ela ser regulamentada no papel. De resto é isso que está a acontecer todos os dias quando os dirigentes das instituições verificam que estão completamente condicionados pelo Governo Central. Basta falar com os Presidentes e Diretores de instituições como o Politécnico, a Universidade, o IEFP, os Hospitais, etc.. Quem conseguiu a reativação do comboio entre o Entroncamento e Portalegre? Quem conseguiu a Rede de Ciência e Tecnologia? Não são benesses dos Governos, são ações concertadas das instituições locais numa lógica de políticas regionais.

 

TA - Se pudesse fazer um só projeto pelo seu círculo eleitoral, qual seria?

RPV - Mais mobilidade no distrito.

 

TA - Como vê o Alentejo em 2020?

RPV - Vejo o Alentejo como uma região única, com políticas definidas para o território: saúde, educação, social, emprego, turismo, mobilidade, reabilitação urbana, desenvolvimento económico, cultura, desporto, etc… Vejo o Alentejo como uma região da Europa o que significa que cada vez mais ele terá que se virar para o lado de Espanha.