15 Outubro 2015      11:14

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QUEM DIRIA?

Ao contrário do que tradicionalmente acontece quando se perdem eleições de forma pesada (porque o objectivo do PS era uma vitória com maioria absoluta), em que o líder do partido derrotado se demite de funções e coloca o lugar à disposição, neste quadro eleitoral assistiu-se a uma verdadeira reviravolta no desenrolar dos acontecimentos.

De facto, o Partido Socialista encontra-se neste momento, ao contrário do que podia parecer no rescaldo eleitoral, numa posição estratégica preponderante no futuro governativo em Portugal, vendo-se num contexto em que, mesmo tendo perdido as eleições, pode vir a ser governo se existir um acordo estruturado e credível pela união das esquerdas.

Esta situação, inédita no panorama político português, tem gerado muita polémica e opiniões contraditórias, causando até alguma relutância em ser aceite por alguns indivíduos, mesmo dentro do próprio Partido Socialista. Contudo, a hipótese de formação de governo através da união das esquerdas, atingindo dessa forma maioria parlamentar, é um cenário que se tem vindo a revelar cada vez mais como uma forte hipótese, inclusive pela parte de Bloco e CDU.

É certo que não pode ser considerada uma situação normal, mas é seguramente uma situação possível e Constitucional, causando apenas estranheza por ser uma prática pouco usual.

Outro cenário possível no desfecho da estruturação de governo será através do entendimento de António Costa com a PaF (Portugal à Frente), modelada por eventuais cedências da Coligação para obter o apoio do PS, ou num panorama mais arrojado, até incluir membros do PS no futuro executivo, embora esta hipótese se apresenta como a mais difícil de acontecer.

Esta viragem à esquerda, pautada pelo entendimento de três forças políticas que nunca no passado tinham ponderado este tipo de união, cria um precedente muito interessante em diversos prismas de análise: pela formação de um governo em que nenhuma das forças ganhou as eleições, pela união de diferentes esquerdas (moderada e as consideradas mais radicais) e pela diferenciação em relação a uma bitola europeia liberal, criando um marco na história da política portuguesa.

Vamos observar o que nos diz o futuro, estou muito curioso para saber o resultado! 

 

Imagem daqui.