De facto, o Partido Socialista encontra-se neste momento, ao contrário do que podia parecer no rescaldo eleitoral, numa posição estratégica preponderante no futuro governativo em Portugal, vendo-se num contexto em que, mesmo tendo perdido as eleições, pode vir a ser governo se existir um acordo estruturado e credível pela união das esquerdas.
Esta situação, inédita no panorama político português, tem gerado muita polémica e opiniões contraditórias, causando até alguma relutância em ser aceite por alguns indivíduos, mesmo dentro do próprio Partido Socialista. Contudo, a hipótese de formação de governo através da união das esquerdas, atingindo dessa forma maioria parlamentar, é um cenário que se tem vindo a revelar cada vez mais como uma forte hipótese, inclusive pela parte de Bloco e CDU.
É certo que não pode ser considerada uma situação normal, mas é seguramente uma situação possível e Constitucional, causando apenas estranheza por ser uma prática pouco usual.
Outro cenário possível no desfecho da estruturação de governo será através do entendimento de António Costa com a PaF (Portugal à Frente), modelada por eventuais cedências da Coligação para obter o apoio do PS, ou num panorama mais arrojado, até incluir membros do PS no futuro executivo, embora esta hipótese se apresenta como a mais difícil de acontecer.
Esta viragem à esquerda, pautada pelo entendimento de três forças políticas que nunca no passado tinham ponderado este tipo de união, cria um precedente muito interessante em diversos prismas de análise: pela formação de um governo em que nenhuma das forças ganhou as eleições, pela união de diferentes esquerdas (moderada e as consideradas mais radicais) e pela diferenciação em relação a uma bitola europeia liberal, criando um marco na história da política portuguesa.
Vamos observar o que nos diz o futuro, estou muito curioso para saber o resultado!
Imagem daqui.