6 Abril 2015      12:55

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Precisa-se uma imprensa que faça as perguntas certas!

Beneficiamos hoje do resultado das inovações tecnológicas e das suas múltiplas e variadas aplicações na área das comunicações, que determina e caracteriza a chamada era da sociedade da informação que atravessamos.

E é justamente por vivermos entranhados nesta era da informação, que nos mantém ligados à “máquina informacional” 24 horas por dia, que acabamos por permitir que este avanço tecnológico atue como instrumento da recapitalização do capitalismo.

E porquê? Porque, inconscientemente, cada um de nós, na maioria dos casos, atua como um meio de propagação da informação que serve e interessa ao capital, replicando-a e partilhando-a.

Na verdade, o que assistimos hoje, são novos meios para o capital processar e transmitir informação. 

Em termos gerais poder-se-á afirmar que todas as inovações tecnológicas na área da comunicação e informação resultaram de investimentos avultados efetuados diretamente por grandes corporações, por agentes financeiros privados ou pelos Estados. Evidentemente, neste contexto, todo o investimento na inovação é orientado para a busca de soluções técnicas que tornem cada vez mais célere, eficiente e menos dispendiosa a circulação da informação que, obviamente, interessa ao capital. É, também, conveniente relembrar que toda a história associada às tecnologias de informação e comunicação está intimamente relacionada e ligada aos interesses políticos, militares e económicos dos Estados.

Assim, torna-se cada vez mais relevante e pertinente o exercício de rigor e de independência que se exige aos meios de comunicação social, atualmente controlados e monopolizados pelo grande capital.

A título de exemplo, na oferta televisiva temos pluralidade de canais, grande volume e velocidade de transmissão de informação, mas não temos pluralidade de discurso nem divulgação daquelas informações que realmente interessam ao cidadão.

A notícia, na sociedade atual, continua deficitária de exatidão e rigor. Em todos os meios de comunicação social não existe, verdadeiramente, um espaço de circulação democrática da informação. Grande parte da população é submetida a conteúdos padronizados produzidos por agências de comunicação que uniformizam de forma redutora as diferenças entre comportamentos e manifestações sociais.

A informação, na sociedade da informação, permanece assim manipulada e à mercê dos interesses de lógica capitalista. E essa lógica não atende às necessidades de uma comunicação plural e democrática, o que se verifica é que, justamente na era da informação, os meios de comunicação social agem no sentido contrário da sua função social, imperando a prática do elitismo e da exclusão, não atendendo ao interesse público e democrático ao qual se deveriam submeter. 

A informação é um dos principais bens, direitos e instrumentos da sociedade para compreender a realidade e procurar o contraditório. Mas apesar de designarmos o atual período da humanidade como a era da informação, dificilmente se pode dizer que hoje se está mais perto desta cumprir a sua real função e objetivo. Também acreditámos que ao existir uma maior oferta e variedade de canais de informação, o discurso social seria plural e, consequentemente, mais democrático. Não é o que se verifica.

Uma imprensa que faça as perguntas certas, precisa-se! A quem serve a austeridade? Quem são os principais beneficiários do negócio da dívida e da reestruturação? Como chegámos a esta dívida? Mas afinal, quem anda a viver acima das nossas possibilidades? As comissões que negoceiam com a TROIKA defendem os interesses de quem? Quem rouba o estado? Quem rouba a Segurança Social? Quem é que corrompe? Quem são os corrompidos? Onde está o dinheiro? Quem gere este País? Porque prescrevem os crimes? Porque é que o Estado assume os negócios ruinosos da banca? Porque é que os banqueiros são os menos penalizados? Porque é que o desfalque dos criminosos do BPN apenas ficará na história? Onde se esgotam os sacrifícios de quem trabalha? O que sobra da democracia? O que acontece a quem tenta defender os interesses do Estado?

Pois é, falir Portugal é como os jogos da Santa Casa: É fácil, é barato e dá milhões! Em Portugal a prática da corrupção aparenta a ser um negócio de pouco risco e ao que tudo indica parece dar muito dinheiro.