6 Abril 2015      12:53

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Portugal está a maquilhar os números do desemprego?

Pedro Passos Coelho
Pedro Passos Coelho

Portugal está a maquilhar os números do desemprego? - no original ¿Está maquillando Portugal sus datos de desempleo? - foi o título que o jornal espanhol “El Mundo” deu a um artigo sobre os números do desemprego em Portugal.

Começa por dizer que, no início do mês, e segundo dados do Eurostat, Portugal era o terceiro país onde mais se tinha reduzido o desemprego em janeiro passado: 13,3%. Contudo, avançam os espanhóis, um estudo do Observatório sobre Crises e Alternativas da Universidade de Coimbra, revela que estes números oficiais podem estar muito abaixo dos reais.

De acordo com este estudo, a taxa de desemprego real em Portugal estaria situada nos 29%, ou seja, nas estatísticas não estão incluídas todas as pessoas que, em Portugal, não têm emprego. No mesmo estudo, são também contabilizados os emigrantes que saíram do país, precisamente por não terem emprego e uma forma de ganhar a vida.

Estas pessoas, caso continuassem em Portugal, estariam também desempregadas, pelo que também contam nas estatísticas – segundo o jornal supracitado.

Além disso, o estudo também é muito crítico sobre a “criação de emprego registada recentemente”, de acordo com o Governo de Lisboa, liderado pelo social-democrata Passos Coelho. Do Observatório entendem que esta quebra dos números do desemprego assenta em “bases frágeis”.

“O desemprego atual é um desemprego mais protegido que antes do Programa de Ajustamento” e o “emprego gerado em Portugal baseia-se, sobretudo, em atividades precárias e bolsas remuneradas, sem perspetiva de continuidade e de verdadeira reinserção no mercado laboral.” - cita o diário espanhol o Estudo do Observatório referido.

Em Portugal, o salário mínimo situa-se, desde janeiro deste ano, nos 505€, de pois de vários anos congelado nos 485€.

Além do já referido, existe mais de milhão de trabalhadores com falsos recibos verdes; o que significa que são autónomos, que pagam a sua própria Segurança Social e impostos, quando a realidade era que deviam ser contratados pelas empresas em que trabalham todos os dias. Mas estas empresas não lhes fazem contratos, mesmo sabendo que estão em situação ilegal e que podem pagar multas elevadas em caso de denúncia. Mas quem é o trabalhador precário que se atreve a denunciar a empresa sem garantias de poder manter o seu posto de trabalho, ainda que precário?

Existem também, por outro lado, as bolsas profissionais, os estágios profissionais, pagos a meias entre o Estado e o privado, e que, na teoria, servem para dar acesso ao mercado laboral a jovens recém-licenciados. Na prática, e como denuncia o Observatório, estes estágios são uma boa maneira de contratação mais barata para os empresários, que depois não renovam os contratos com os trabalhadores quando acaba o financiamento Estatal.

Segundo dados do INE, desde 2011, ano em que Portugal foi resgatado, até ao segundo trimestre de 2013, desapareceram mais de 460 mil postos de trabalho, dos quais apenas se recuperaram 38 mil.

 

Pesquisa, tradução e adaptação de Tribuna Alentejo

Fotografia de REUTERS

Fonte: “El Mundo”