7 Setembro 2015      11:58

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OS NOSSOS MENINOS

Já perdi a conta às vezes que vi a imagem do pequeno Aylan. O menino que morreu afogado na tentativa de fuga da sua família para a Europa. É difícil ficar indiferente a esta imagem e a tudo o que a mesma transmite.

Rapidamente o Mundo despertou para a situação dos refugiados e das condições degradantes em que fazem a viagem em busca de uma vida melhor.

De repente a defesa dos migrantes passou para as primeiras páginas dos jornais e logo surgiram inúmeras opiniões sobre uma questão que dura há anos e que constitui um desafio a toda a Europa como União.

Infelizmente, como o pequeno Aylan, todos os dias morrem crianças em virtude das condições em que são forçadas a embarcar para fugir a uma morte certa.

Meninos indefesos que vêem a sua infância ser-lhes retirada de forma violenta e injustificável.

Meninos que poderiam ser nossos filhos, irmãos, sobrinhos, afilhados….

No entanto, tal como estes meninos que merecem toda a defesa possível que possa ser encontrada, no nosso País também temos meninos que merecem ver a sua história partilhada, antes que, tal como aconteceu com o pequeno Aylan, seja tarde demais.

O Governo fala em albergar cerca de 3500 refugiados sírios, sem discriminar, no entanto, quais as medidas de prevenção que irá tomar relativamente à entrada de membros do ISIS no País, risco real e que parece passar despercebido perante tanta pressa em resolver a questão.

Não criticando totalmente esta medida, creio que, se o Governo demonstrasse tanta rapidez e disponibilidade para ajudar as crianças e as famílias sem-abrigo e praticamente sem condições dignas de sobrevivência, o número de 5.000 rapidamente baixaria.

Com a rapidez em que veio alterar a disponibilidade de aceitar apenas 1.500 refugiados para 3500, o Governo veio novamente provar que apenas ali está para fazer o que a Europa lhe manda, em vez de bater o pé e procurar alcançar uma solução satisfatória para as duas situações aqui elencadas.

O que se pretende não é uma posição completamente reacionária como a que a Hungria tem tomado. Não.

O que se pretende é que o Governo tome medidas que protejam os nossos pequenos Aylan, os nossos meninos. Os nossos filhos, irmãos, sobrinhos afilhados…

O que se pretende é que sim, se criem condições para receber refugiados mas que o Governo não se esqueça dos seus, como parece ter feito ao longo dos últimos anos.

Pois, sejam sírios, húngaros ou portugueses, serão sempre os nossos meninos.