11 Novembro 2015      12:10

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O TEMPO, O ESPAÇO E O SILÊNCIO.

O nosso quotidiano desenvolve-se a um ritmo acelerado e encontra-se superpovoado por excesso de informação e ruído.

Inundamos toda a nossa existência com frivolidades e acabamos por ter pouco tempo para realizar os nossos sonhos ou simplesmente contemplar a vida tal como ela é.

Somos, constantemente, impelidos para estados ocasionais de frustração e ansiedade, simplesmente, por não sermos capazes de entender, assimilar e selecionar toda a informação que nos chega, ou somente por incapacidade de nos mantermos atualizados. Provavelmente, acabamos por processar mais informação num período de um ano do que os nossos avós processaram em metade da sua existência.

Porém, a vida contemporânea é agitada e exige que cada um de nós permaneça, continuamente, conectado à rede, à Internet ao telemóvel. E estar extremamente ocupado é uma condição que a sociedade valoriza, quem tem tempo livre é desprestigiado. Por isso, há que saber como e quando desacelerar.

O ser humano necessita de tempo para realizar atividades que o engrandeçam, como ler, ouvir música, passear ao ar livre, conversar tranquilamente, pensar, refletir... Enfim, tudo requer tempo inclusive tarefas elementares como alimentação, quantas vezes as refeições são tomadas a “correr”.

Mas, para além de tempo, necessitamos de espaço, íntimo, pessoal, social e público. No entanto, somos constantemente filmados, observados, fotografados, perscrutados... no fundo, esta sociedade revoga-nos o direito de privacidade.

Fundamentalmente, precisamos de tempo e espaço para nos dedicarmos a nós próprios.

E o silêncio. Como é difícil encontrar um lugar silencioso para desfrutar um momento, para meditar. O silêncio ajuda a encontrar respostas e liberta-nos da superficialidade do dia-a-dia.

De facto, o tempo, o espaço e o silêncio constituem os grandes luxos dos dias que correm.

Termino com um poema do heterónimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro.

Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em coisa nenhuma,
Para nem me sentir viver,
Para só saber de mim nos olhos dos outros, reflectido.

in "Poemas Inconjuntos".