10 Novembro 2015      15:05

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NOVAS METODOLOGIAS, NOVOS CAMINHOS!

Enquanto professora/formadora, considero essencial existir uma renovação de metodologias de forma a acompanhar a evolução do processo de ensino-aprendizagem. Recentemente estive em Itália, a realizar um curso de formação sobre “Digital Storytelling”. O storytelling (contar histórias) é sempre pessoal, ou seja, refere-se à própria pessoa. A questão do digital significa que se construirá um percurso pessoal com base em fotos e narrado na primeira pessoa e se converterá em vídeo utilizando as novas tecnologias. Esta metodologia permite quebrar barreiras e entraves relativamente a nós próprios, recorrendo a memórias, experiências e eventos de vida relevantes na existência de cada um de nós. Cada história é pessoal e única, apresentando visões, perspetivas e ideias, que podem ser posteriormente utilizadas com diversos propósitos. 
Para tentar explicar-vos o processo que atravessei durante este curso de formação, apresentarei por fases a forma como senti a evolução:
 
1: Briefing
 
Nesta fase, somos confrontados com exemplos de histórias inspiradoras, e é-nos apresentada a metodologia de trabalho. Pode ser constrangedor momentaneamente não saber o que partilhar, que história escrever e ter vontade de fugir. É um desafio de facto, escrever uma história sobre nós próprios, pensar o que será esperado de nós, a falta de inspiração e alguma confusão. Nesta fase ainda eramos só um grupo de portugueses à descoberta de uma nova metodologia! Desmembramo-nos… Isto é mesmo muito pessoal, além de que é sempre mais fácil falar dos outros!
 
 
2: Escrever
 
Chegamos à fase da escrita (criativa). O que escrever? É este texto que vou gravar com a minha voz! Quantas páginas escrever? Confusão!!! Afinal são só, no máximo, 300 caracteres… Só! Como posso partilhar algo inspirador em tão poucos caracteres? Alguma troca de ideias com os colegas ajudou… E de facto saiu alguma coisa, mesmo a roçar os 300 caracteres. Começa a ganhar forma e sentido!
 
 
3: Gravação
 
O trauma de ouvir a minha voz… meu deus! Parece que estou a falar ao telefone com a minha irmã, que curiosamente tem a voz igualzinha à minha. Indiferenciável! Foi a parte pior! Depois de ter a minha história escrita, ter que gravá-la para um gravador e com uma pessoa à minha frente… É essencial nesta fase ter o texto em letras bem grandes, pois estamos a ler, literalmente sem tirar os olhos do papel. Ah, e em inglês! Take 1: recording…. (leitura muito rápida) Take 2: recording… (leitura ainda muito rápida) Take 3: recording… (melhor, mas mesmo assim rápido)! Basta! Está perfeito!
 
 
 
4: Edição
 
Já está gravado… Nada a fazer! A minha selecção prévia de fotos não está exactamente muito apropriada ao meu texto, enfim… paciência! Trabalhar no “Windows Movie Maker” é intuitivo e engraçado, sendo o pior ter que sincronizar a minha voz com as minhas fotos. Perdi alguma confiança nesta fase… Fiquei farta de me ouvir, pois este processo demorou qualquer coisa como um dia e meio… Meu Deus! A beleza desta metodologia é que a edição é relativamente simples ainda que demorada, pois seleccionar fotos, música de fundo, adicionar a gravação e fazer com que todos estes elementos estejam em perfeita sincronização demora o seu tempo. No final foi ainda tempo de adicionar legendas, pois a gravação original foi feita em inglês. Consegui construir uma curta-metragem de cerca de 3:00 minutos – uau!!!
 
5: Partilha
 
No final deste curso, foi realizado um evento público para apresentação de todas as histórias realizadas. Pensei: Vou ter que partilhar isto com esta gente toda?!?! Eramos 28 participantes. A metodologia é de facto fascinante e profícua, sendo uma forma de libertação e exteriorização que não seria possível de outra forma. Mas partilhar??? Isto continuava a ecoar na minha cabeça… Resignei-me! Se não partilhar não faz sentido todo este trabalho. Foi um prazer enorme ver o resultado do trabalho de uma semana de todos nós! Histórias de vida, experiências, ideologias, perspectivas de vida, sonhos, etc. – Foi extremamente enriquecedor o resultado final obtido.
 
Passei uma semana enriquecedora ao ter conhecido na primeira pessoa esta metodologia, que considero ser extremamente profícua e que poderá funcionar com públicos distintos, como forma de expressão pessoal, de partilha, e até de conhecimento das Novas Tecnologias. Muitos tópicos podem ser explorados ao utilizar esta metodologia. Desafio: Ponham-se à prova e façam vocês próprios a vossa “digital storytelling”. O resultado será surpreendente!
 
Deixo o agradecimento ao grupo português (cinco aventurosos elementos), incansável no apoio e companheirismo, ao formador e dinamizador da metodologia Andrea Ciantar, a toda equipa do projecto “Skills in Action” e também a todos os participantes de diversos cantos da Europa (Polónia, Roménia, Itália, Portugal e Chipre).
 
 
Algumas histórias inspiradoras: http://www.storycenter.org/stories/