19 Julho 2015      01:27

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NÃO PODEMOS SYRIZAR

A Europa e principalmente a zona Euro entraram numa nova fase a partir das negociações da última semana no que respeita à Grécia.                                                                          

O meu primeiro artigo no Tribuna do Alentejo em Janeiro, foi sobre a vitória do Syriza na Grécia e as consequências do seu programa eleitoral. Estamos em meados de Julho e só passados estes meses todos parece que se fez fumo branco para os lados de Atenas e Bruxelas.       

Em cerca de meio ano muito mudou no panorama Europeu:                                                   

- Varoufakis que saiu das salas de aulas para ir gerir um caso real (as finanças Gregas), depressa chumbou no exame final. Após o périplo aventureiro que acabou num referendo com a pergunta mais complexa e tendenciosa que já vi em Democracia, ficou sem forças e sem credibilidade política no seio da Europa, o que originou a sua demissão. Demitiu-se quando viu os seus concidadãos a levantarem um máximo de 60 euros por dia. Demitiu-se no momento em que a Grécia mais precisava e precisa de verdadeiros Políticos.                                                                                     

- Antes desta demissão, houve tempo de Espanha ver nas suas Autárquicas e Regionais a ascenção do Podemos (ajudado por alguns movimentos sociais de Esquerda) nos maiores centros de decisão locais de Espanha: Barcelona e Madrid.                                              

- Depois de tantas horas negociais no passado Domingo, foi aprovado o terceiro resgate à Grécia. Esta Sexta-Feira foi aprovado um financiamento-ponte de 7,16 mil milhões de euros para pagar já no dia 20 de Julho, 4 mil milhões ao Banco Central Europeu.

Entretanto aguardo, com expectativa moderada, uma aprovação por parte do Governo Grego do conjunto de medidas e reformas a longo prazo que permitirão levar avante o 3º resgate junto dos seus credores e homólogos Europeus.          

O governo Grego realizou um estudo que concluí que a Grécia importa 70% dos seus bens essenciais, demonstrando que o regresso ao dracma seria um desastre total para o seu País. Vejamos então o caso dos ‘nuestros hermanos’, que com a 4ª maior economia da zona euro, vê nas sondagens o Podemos como um dos fortes candidatos à vitória nas Legislativas Espanholas deste ano. O impacto que Espanha terá no seio Europeu é de enorme preocupação, com um Partido radical a governar o País. Como tal os Partidos tradicionais como o PP e o PSOE e até o movimento Ciudadanos  terão que assertar um discurso Europeu e de uma economia estável, preocupando-se antes em afastar o radicalismo do Poder e não entrarem nas habituais brigas entre os Partidos do Centro. Espero também que o Partido Socialista Operário Espanhol tenha uma atitude mais responsável no que toca ao País, tendo em conta as coligações perigosas que fez com elementos do Syriza em alguns Ayuntamientos Espanhóis.

Julgo por fim, que a União Europeia conseguiu solucionar a primeira grande divergência existente dentro do Eurogrupo e salvaguardar o Euro e o Projecto Europeu.             

Nunca estive de acordo com o programa político do Syriza e muito menos da forma irresponsável de governação de Tsipras. Mas é de facto de louvar, que finalmente e passados estes meses todos,  um acordo tenha chegado acima da mesa e originado consenso entre os diveresos líderes Europeus. As vozes que tanto queriam um ‘Grexit’ ou um perdão de dívida instantâneo, felizmente não imperaram.

Dito isto, acredito que a vitória neste processo Grego foi de toda a Europa e dos Países que querem ter um Euro e uma economia forte. No entanto, é preciso refletirmos sobre o caso Grego, para que casos extremos não surjam com nova força dentro da Europa e destabilizem os seus próprios povos, os mercados e todos os restantes Países Europeus.

A Europa não pode ter lideres extremistas, sejam eles de Direita ou de Esquerda. A Europa precisa de união, solidariedade e responsabilidade. Estas são as bases para um regresso competitivo ao crescimento económico e ao combate do desemprego.

 

Para finalizar este artigo e não tendo a ver com a Grécia, gostaria de felicitar publicamente a nomeação do Dr. António Dieb para a presidência da Agência de Desenvolvimento e Coesão. Sem dúvida que o seu bom trabalho à frente da CCDR –Alentejo foi reconhecido. Uma notícia que deve orgulhar o Distrito de Évora e todos os Alentejanos.