10 Junho 2015      06:34

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A MUDANÇA É UMA CERTEZA QUE O FUTURO NOS RESERVA

Mudanças forçadas ou forçosas, sejam elas benéficas ou não, resultam sempre de atitudes impelidas por premência ou por inevitabilidade. A mudança sempre existiu e sempre advirá. O que não podemos é permanecer acomodados perante a necessidade de mudar. Mudar é dizer sim ao novo mas, fundamentalmente, dizer não ao antigo, ao injusto. 

É verdade que, tanto em termos públicos como em termos privados, o País endividou-se excessivamente e que o fez de forma irresponsável, perdendo inteiramente a noção de risco. Contudo, a crise que vivemos é, acima de tudo, uma crise do capitalismo. Uma crise nova, desigual, a exigir análises e respostas originais, ousadas e corajosas.

A situação portuguesa encontra-se cheia de contradições e de incertezas, o que para uns é um inevitável esforço fiscal, para outros é uma intolerável extorsão aos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas. No fundo o que para uns são ativos, para outros são pessoas.

No entanto, para libertar Portugal do jugo da austeridade teremos de erguer um novo paradigma, assente gradualmente noutro conjunto de valores, noutras prioridades, noutra linguagem e noutra cultura democrática.

Tal como referia Edgar Morin, em “Pour sortir du XXe siècle“, apostar é agir e agir é apostar, apesar, e por força do medo, da incerteza e das contradições paralisantes.

Torna-se claro que só através da ação coletiva concertada será possível dirigir a trajetória da mudança no sentido de apostar na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

É por isso que a conjuntura exige audácia e atrevimento para fazer diferente. Não é tolerável que o jogo político se realize com o mesmo baralho de há três ou quatro décadas. A realidade mudou e exige-se uma nova forma de fazer política. 

Se não agirmos não teremos ninguém para culpar, a não ser nós próprios. Na certeza, porém, de que tudo muda exceto a própria mudança, cada um de nós exibe o rosto da mudança tão aguardada.