1 Maio 2015      13:38

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MARE NOSTRUM

Recentemente a população europeia despertou para o enorme problema da imigração ilegal no Mediterrâneo, assente nas rotas clandestinas que se alimentam do desespero de milhares de pessoas, perseguidas no seu país de origem por questões de vária ordem como a religião, sexualidade ou tendências políticas, passando pela fuga a situações extremas como a Guerra.

O acontecimento que fez concentrar as atenções foi o da morte de mais de 900 pessoas numa embarcação rumo a Itália, constituindo um record de mortes num dia se considerarmos os últimos anos em termos de tragédias marítimas.

Sendo um problema antigo, é pena que só neste momento – com 1.750 mortes desde o início de 2015 (dados da Organização Internacional das Migrações - OIM) a Europa e os telejornais tenham dedicado tempo a este flagelo, revelando uma tendência das sociedades actuais que é tratar os problemas por “moda” (agora é moda falar na imigração ilegal no Mediterrâneo), e não pela sua relevância ou dimensão das suas consequências.

Itália tem sido o país mais activo no auxílio aos migrantes ilegais, mas felizmente, parece que a União Europeia já lançou o debate e disponibilizou meios financeiros para ajudar a melhorar esta situação.

Por já conhecer o problema, devido a uma oportunidade profissional de visita a um campo de refugiados em Roma, queria deixar uma nota muito positiva a uma vertente pouco abordada pela comunicação social quando toca no assunto: o trabalho realizado por algumas ONG’s italianas, muitas delas associações de jovens.

Estas organizações, em conformidade com a postura do seu país, têm demostrado um empenho notável na inclusão destas pessoas: ensino de italiano, promoção de cursos de formação profissional, auxílio na entrada para o mercado de trabalho e apoio a nível psicológico.

É um sentimento indescritível olhar para estas pessoas quando agarraram a oportunidade que lhes foi proporcionada pela ONG que os integrou, é possível ver a felicidade espelhada no rosto de indivíduos que já passaram por tanto, e que agora têm a oportunidade de serem felizes e de viver com liberdade e dignidade, por isto e por muito mais vale a pena fazermos alguma coisa.