21 Julho 2015      13:49

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MAIS EMIGRANTES E MENOS ESTUDANTES

Esta semana é marcada pelo início das inscrições de milhares de jovens no Ensino Superior.

Com o início da semana, chegam também notícias da diminuição do número de vagas no Ensino Superior, colocando, desde logo milhares de jovens longe da oportunidade de aceder ao Ensino Superior.

Desde que tive oportunidade de analisar melhor esta temática, sempre fui apologista da diminuição do número de vagas em determinados cursos. Pelo menos enquanto as faculdades não tiverem condições ou incentivos para promover mais e melhores garantias de saídas profissionais.

A grande questão neste ano lectivo é analisar o que levou as Universidades e Politécnicos a reduzir o seu número de vagas e aqui sobressaem duas temáticas fundamentais: a falta de emprego e questões orçamentais.

De facto, em determinadas áreas que, anteriormente eram vistas com áreas com boas saídas, começam a diminuir o seu número de vagas devido à escassa oportunidade de trabalho nessa mesma área.

Em cursos como Medicina ou Enfermagem, os estudantes já apresentam uma candidatura com uma certeza: no final terão que emigrar devido à falta de oportunidades que o seu País lhes dá.

É certo que em determinadas áreas, como é o caso do Direito, há um claro excesso de vagas, tendo em conta não só a oferta, como também os limites cada vez mais apertados, criados pela Ordem dos Advogados à entrada de novos membros.

Nesta área, como noutras na mesma situação, a redução do número de vagas poderá ser vista como uma inevitabilidade.

No entanto, esta inevitabilidade não explica a constante redução do número de vagas no ensino superior que se tem registado desde 2011.

Em áreas como as da Saúde, está mai que visto que Portugal tem todo o interesse em investir, dado que recorre constantemente à contratação de médicos estrangeiros. Se assim é, porque não apostar no incentivo às Universidades e Politécnicos que, aliada com a boa qualificação, apresentem perspectivas e protocolos de emprego para os seus estudantes?

Há também zonas do País em que, embora exista a necessidade de abertura de cursos, a Universidade não tem meios orçamentais para os manter, quer pela falta de apoio do Governo, quer pelo isolamento regional.

Nestas Universidades, o fenómeno é inverso. Há oferta, há possíveis postos de trabalho mas o desinteresse pela região em que se encontram é um dos seus maiores pontos negativos.

Em vez de cortar cegamente e a régua e esquadro o número de vagas no Ensino Superior (ainda que o corte seja dividido por vários anos) a aposta deveria ser na maior divulgação destas Universidades e Politécnicos e da sua oferta formativa que deverão, sempre que possível, ser alicerçados às características das regiões em que se inserem.

O Ensino Superior em Portugal tem futuro e oportunidades para oferecer. O que é necessário é que as mesmas sejam divulgadas e, até mesmo, descobertas.

E já agora um Governo com interesse em divulga-las e descobri-las.