Foi para as suas filhas que esta psicóloga a residir no Alentejo há cerca de 20 anos criou as suas primeiras bonecas de pano. O sucesso foi tal que desde aí Rosário Ribeiro não parou de se dedicar à criação não só de bonecas, como também de carteiras de vários tipos e formatos, acessórios para o cabelo, estojos, capas para livros/ agendas, porta-chaves, cadernos forrados a tecido, etc. A marca Tem Pinta!
Tribuna Alentejo: Como surgiu a ideia de criar a marca “Tem pinta”?
Rosário Ribeiro: O TEM PINTA surgiu num momento em que, por motivos de saúde na sequência de uma intervenção cirúrgica, estive impossibilitada de trabalhar, durante o período de 1 mês. Na altura, como não me era permitido fazer esforços físicos passava bastante tempo deitada ou sentada e ocupava o tempo com a leitura ou acedendo à internet. Numa das minhas pesquisas, encontrei um site com umas bonecas de pano, na minha opinião, giras e fáceis de executar, mas caras. Relembrando os tempos em que a minha avó materna me fazia bonecas de pano, em nada parecidas aquelas, mas com um valor incomparável, pensei em fazer bonecas parecidas para oferecer às minhas filhas, o que concretizei. O agrado das minhas filhas e os elogios dos amigos e outros que tiveram oportunidade de conhecer o meu trabalho, levaram-me a fazer mais bonecas com o objetivo de preencher o tempo com algo que me dava prazer (costurar e criar) e simultaneamente, colmatar algumas dificuldades económicas através da venda dos produtos que ia criando. Depois da criação das bonecas, foram surgindo outros artigos que me sugeriam que fizesse ou que, por minha iniciativa, fazia aproveitando restos de tecidos (gangas, na maior parte).
TA: E por quê este nome, “Tem pinta”?
RR:O nome TEM PINTA surgiu pela necessidade de apelidar os trabalhos que iam sendo realizados, personalizá-los. TEM PINTA aparece no sentido em que a intenção de quem produz é que as peças sejam giras, agradáveis, com utilidade e “com pinta”. TEM PINTA é não só um nome, mas representa a intenção da artista – criar peças giras!
TA: Quer apresentar-se aos nossos leitores?
RR:Rosário Ribeiro, 45 anos, mãe de 3 filhas de 9, 12 e 15 anos, com formação académica superior na área da psicologia, área clínica, e pós graduação em terapias cognitivo comportamentais, a trabalhar na EPRAL, enquanto psicóloga, no Gabinete de Apoio e de Orientação Vocacional e de Emprego, desde 1998.
Considero-me uma pessoa dinâmica, idealista e com interesses direcionados para a leitura, para a natureza, para as artes e para tudo o que esteja relacionado com o bem-estar do indivíduo. Gosto de viajar, embora a disponibilidade temporal e financeira não possibilitem a prática regular desta e de outras atividades.
TA: Há quanto tempo mora em Évora?
RR:Vim para o Alentejo em 1994, em resposta a um anúncio para trabalhar na CERCIDIANA, onde permaneci durante cerca de 3 anos. A ideia de vir para o Alentejo não foi, na altura, refletida e, nos primeiros tempos tive alguma dificuldade em me habituar, sobretudo devido à falta de movimento (lojas, locais de entretenimento, etc) e ao facto de sair à rua e facilmente encontrar alguém conhecido. De início, deslocava-me a Lisboa todos os fins de semanas, para além do(s) dia(s) em que, após o trabalho, ia para as aulas/ supervisão exigidas pela pós formação. Com o nascimento das minhas filhas, o número de deslocações reduziu significativamente, quer pela falta de tempo, quer pela necessidade de reduzir as despesas. Atualmente, passados 20 anos de residência em Évora, sinto-me em casa, considerando-me, dessa forma, “alentejana”.
TA: Onde encontra inspiração para criar estas peças originais?
RR:A inspiração surge das recordações de criança, do interesse pela arte de saber costurar e de dar vida aos tecidos e acessórios que compõem as peças.
TA: Há quanto tempo criou a página do facebook?
RR:A página foi criada algum tempo depois da criação de algumas peças, em Novembro de 2011, tendo por objetivo compilar, transmitir e difundir o trabalho realizado. A atualização da página é bastante irregular sendo feita sempre que possível e consoante a criação das peças e a disponibilidade para as colocar no face. Há uma tentativa de atualizar a página semanalmente, o que nem sempre se concretiza.
TA:Na sua opinião, qual o artigo que se diferencia dos restantes artigos à venda através da net? Qual o produto que mais vende?
RR:As vendas do TEM PINTA através da net não têm tido grande sucesso. O maior número de vendas ocorre por venda direta ou por exposição em loja. Os produtos mais vendáveis são as bonecas e as carteiras da avó (porta óculos e porta moedas).
TA: Como encontra os materiais originais que compõem as peças?
A maior parte dos tecidos utilizados na confeção das peças é adquirido na net. Os restantes materiais são comprados em diversas lojas (retrosarias, sobretudo) na baixa de Lisboa ou, pontualmente no comércio da cidade de Évora.
TA: Considera poder a vir a dedicar-se a 100% a esta marca ou trata-se de um hobby?
RR:O exercício da minha profissão enquanto psicóloga tem sido gratificante e, muito embora o TEM PINTA também seja uma paixão, de momento não está se quer em questão, a dedicação a tempo inteiro a esta atividade.
TA: Sente pena de vender algumas peças?
RR: Sim e algumas acabo por ficar com elas para mim ou para as minhas filhas.
TA: A criação artigos pode ser feita por sugestão de quem compra?
RR:Sim, a criação das peças é também da autoria de quem compra sendo disso exemplo a realização de bonecas pretas. Nunca me tinha lembrado de fazer outras bonecas, a não ser quando uma cliente angolana me questionou se poderia fazer bonecas pretas para ela oferecer à neta e amiguinhas residentes em Angola. Assim surgiu a primeira de muitas bonecas TEM PINTA de cor!
TA: Também vende em lojas?
RR: Na verdade, o maior número de venda é feito através da loja Arte e Companhia Ilimitada, na Vila de Sintra. Uma loja dedicada à venda de artigos artesanais exclusivamente portugueses. A venda em loja obrigou-me a alterar o modo de fabrico das peças. Atualmente, no sentido de dar resposta à saída de artigos na loja, produzo maior número de peças e menor diversidade. Numa noite dedico-me, por exemplo, à produção de bonecas e não faço outros artigos; noutra noite só faço carteiras, etc. Apesar de produzidos em quantidade, a dedicação, o cuidado e a individualidade da cada artigo mantem-se, sendo esta uma das condições indispensáveis que coloco no meu trabalho. Não existem duas bonecas iguais, nem duas carteiras iguais, nem cavalinhos, apesar de poderem ter sido confecionados com o mesmo tecido/ material. Cada peça é única e irrepetível sendo este um dos princípios do TEM PINTA.
As peças são colocadas nesta loja, à consignação. Apesar de já ter ponderado a procura de outros locais para venda, a falta de tempo para confecionar as peças e desempenhar as minhas restantes funções de psicóloga, mãe, mulher, dona de casa, etc…não me permitem fazer mais, neste momento.
TA: As vendas são regulares ao longo do ano ou há algum período do ano em que se vendam mais peças?
RR:Tendo em conta as vendas através da loja, o maior número ocorre nos meses de verão julho e agosto. Ao longo do ano verifica-se um decréscimo, com uma pequena subida no natal. A venda direta é imprevisível e vai ocorrendo ao longo do ano, sem grandes variações. Sinto, frequentemente, que precisava de mais tempo para me dedicar ao TEM PINTA, não só para a confeção das peças, mas também para a sua promoção, através da página e de outros meios. Faz-se o possível e, por vezes, o impossível.
TA: E para o Natal tem muitas encomendas? Até que data está a aceitar novas encomendas?
RR:As vendas do TEM PINTA não se resumem ao período do natal, pelo que, até à data não se verificam problemas com as encomendas feitas ou que possam vir a sê-lo. Dependendo do número/ diversidade de peças, serão aceites encomendas até à semana anterior ao natal.
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