29 Setembro 2015      15:17

Está aqui

JOSÉ CAMEIRA

TRIBUNA ALENTEJO (TA) - Porque é que se candidata à Assembleia da República?

José Cameira (JC) - Candidato-me para oferecer uma alternativa à esquerda, recusada pelo PCP e pelo BE. Para tentar propor outro regime, outra nova república, outro 25 de abril.  

 

TA - Que diferenças existem entre esta candidatura e as restantes?

JC - Esta candidatura de unidade da esquerda quis a unidade, procurou-a e propôs. A coligação AGIR-PTP/MAS pretende transformar esta democracia-fascisante por outra democracia participativa, começando pelas organizações em baixo, refletindo decisões no topo. Pretende questionar o euro e a presença na CE. Pôr em causa essa pretensa dívida soberana, colocando mesmo na mesa a rejeição da mesma.

 

TA - No seu entender, quais são os pontos fortes do Alentejo?

JC - As pessoas são de extrema qualidade pessoal. De grande bairrismo e amantes do Alentejo até morrer.

 

TA - E os fracos?

JC - Um certo baixar de braços perante a inevitabilidade da alternância do poder político. Confiança quase religiosa nas já tradicionais forças políticas representativas da região.

 

TA - Ainda se justifica utilizar os termos “esquerda” e “direita” em política? 

JC - Podemos substituir esses termos por outros mais soft, por exemplo - esquerda: trabalhadores e pequenos empresários;  direita: patrões, banqueiros, financeiros, agiotas e especuladores. 

 

TA - Portugal virado para a Europa e para a União Europeia, ou não? 

JC - De todo, não. Todos os anos já integrados na união europeia apenas trouxeram mais desemprego, emigração e falências das pequenas e médias empresas. Altíssimos índices de corrupção perda de soberania. Aniquilamento quase total do sector primário produtivo nacional (agricultura/pescas/industria).

 

TA - Regionalização: sim ou não?

JC - Sim. Descentralização de serviços, autonomia de procedimentos a nível local.

 

TA - Se pudesse fazer um só projeto pelo seu círculo eleitoral, qual seria?

JC - Nacionalização dos campos do Alentejo - aumento da produção dos bens e produtos agrícolas para autonomia alimentar do país, evitando a atual importação dos mesmos - análise casuística do que se pode plantar e semear em terrenos mais pobres - correta distribuição da água do Alqueva para os pontos atrás indicados. Cumpridos estes pressupostos, haveria menos desertificação humana e fixação da mesma em todos os povoados rurais do Alentejo.

 

TA - Como vê o Alentejo em 2020?

JC - Depende do então poder governativo. Se se mantiverem estas politicas na alternância do poder, prevejo facilmente mais desertificação e culturas agrícolas impróprias sem aproveitamento das reais possibilidades dos campos do Alentejo e aumento da especulação imobiliária dos mesmo sem proveito direto.