Começam já em novembro as obras para a construção do novo Centro de Arqueologia e Artes de Beja, num investimento de 2,1 milhões de euros.
Estas obras preveem ainda a demolição do antigo e degradado depósito de água da cidade.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Beja, Vítor Picado, em declarações à Lusa, a obra deverá demorar cerca de nove meses e considerou a construção deste centro como "fundamental e um dos pilares da estratégia do município para a revitalização do centro histórico de Beja".
O objetivo é também o de valorizar e mostrar os vestígios achados no núcleo arqueológico existente na zona, com um valor inestimável e que poderão ser enorme fator de atração turística para a capital sul alentejana.
O avultado investimento de 2,1 milhões de euros vai ser financiado através do Fundo Jessica Portugal, mas, devido a alterações ao projeto inicial, pode ficar abaixo deste valor.
Em pleno centro de Beja, vai assim surgir o Centro de Arqueologia e Artes e, devido à construção e recuperação de alguns edifícios danificados da área, foi também possível alargar o perímetro das escavações no núcleo arqueológico da zona e que ainda decorrem.
O novo edifício contará, desde já, com o relevante espólio já existente e que engloba muitos achados arqueológicos como os do antigo fórum romano de Pax Julia, a cidade romana existente onde tem lugar Beja e poder-se-ão juntar mais, pois a possível demolição do antigo depósito de água prende-se precisamente com a investigação arqueológica que decorre no local, segundo o autarca bejense, esta "vai permitir pôr a descoberto mais vestígios arqueológicos".
No entanto, a Câmara de Beja aguarda o parecer vinculativo da Direção Regional de Cultura do Alentejo e do conselho consultivo da Direção Geral do Património Cultural para que, em conjunto, se possa avaliar a viabilidade destas intenções.
A Câmara de Beja acredita que, aliado ao facto de a antiguidade do depósito representar um risco estrutural e de segurança, o mesmo se encontra sobre as estruturas do templo romano e junto a um edifício do século VII a.C., pelo que a demolição surge como um processo lógico.
Do núcleo arqueológico em questão faz parte um templo romano do século I d.C., soterrado, e que tem sido escavado desde 2008, data da sua descoberta. Segundo Conceição Lopes, arqueóloga, é "o maior" de Portugal e "um dos maiores" da Península Ibérica.
Além dos já referidos achados da época romana, neste local encontram-se ainda muitas outras peças arqueológicas – e em bom estado de conservação – da Idade do Ferro a das épocas tardo-romana, islâmica, medieval e moderna. Entre elas uma oficina de cunhagem de moeda do século XVI, e que “por ser privada e autorizada pelo rei, poderá ser a única na Europa daquele período", referiu o vice-presidente Vítor Picado.
O novo núcleo museológico contar com três pisos, e vai incluir um centro interpretativo das estruturas arqueológicas achadas.
Algumas destas peças encontram-se em restauro e serão expostas para visitas do público.
Inesperadamente, uma descoberta de 10 sepulturas romanas, com perto de 1200 anos, veio ainda justificar mais este novo centro (ver peça à parte aqui).
Imagem daqui