30 Setembro 2015      14:16

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ENTRÁMOS NA SEMANA DO ESQUECIMENTO GLOBAL

Perante a massificação de uma propaganda do esquecimento os malefícios da austeridade não passam, agora, de uma mera ilusão. Para além disso, há, também, uma intensa disputa para relegar ao esquecimento os verdadeiros responsáveis pelo estado a que isto chegou.

Se perguntarem aos cidadãos de quem é a responsabilidade da desgraça que se abateu sobre a República Portuguesa, a maioria dirá: o mal está na democracia, tanto os partidos como os políticos, são todos iguais. E, com esse julgamento sumário tende-se a esconder a incompetência, a corrupção, os compadrios, as desigualdades e as violências, tanto simbólicas como reais.

A ideia de que os partidos são todos iguais tem como objectivo conformar as pessoas e ocultar desígnios políticos pouco transparentes e antidemocráticos. E para os que não se conformam é alimentada a ilusão de que a abstenção eleitoral é uma arma de protesto contra os partidos.

No entanto, é por demais evidente o distúrbio do sistema de valores que assola a sociedade portuguesa, tal qual um cancro que devasta o sistema imunológico de um ser. E, quanto maior o contexto social do distúrbio mais difícil é a sua contenção, já para não falar da dificuldade do seu banal reconhecimento.

É profundamente inquietante, para a democracia portuguesa, que o desinteresse levasse as portuguesas e os portugueses a não escolherem, a não julgarem pelo voto.

A propaganda do apagão global, que evolui para a quase demência, retira o foco das pessoas, fazendo emergir a culpabilização coletiva, sendo que os maiores culpados engordam através da escravidão do povo e da desgraça alheia.

Então! O que mobiliza as pessoas? A política, não. A militância também não. As festas, sim. São ventos antecipados de Finados que antecedem o magusto que a 11 de novembro assinala a chegada definitiva do tempo frio, chegou no final de setembro, até o povo estranha.