2 Abril 2015      11:20

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A credibilidade do Dr. António Costa

António Costa renunciou ontem, dia das mentiras, ao mandato na Câmara Municipal de Lisboa.

Se bem nos recordamos, faz em Maio um ano que António Costa se disponibilizou, oficialmente, para liderar o Partido Socialista e ser candidato a Primeiro-Ministro de Portugal com a justificação de que o resultado eleitoral das Europeias, em que o PS venceu com maioria simples, não era aquele que alguns dirigentes e muitos militantes do PS ambicionavam – a maioria absoluta.

António José Seguro foi apanhado de surpresa. Não só porque o avanço de Costa surgiu logo após duas vitórias consecutivas (Autárquicas e Europeias), mas também porque foi através da liderança de Seguro que o Partido Socialista voltou a estabilizar depois da pesada derrota de José Sócrates nas Legislativas 2011, em que António Costa era o seu braço direito partidário.                           

Qual a resposta de Seguro? Dar início à reforma do Sistema Político-Partidário do País, ao avançar com as primeiras eleições Primárias em Portugal. Seguro sai do PS com uma derrota pesadíssima, mas vai ficar marcado na história da política portuguesa como o Político que aproximou os partidos políticos da sociedade civil. Algo que era necessário e urge debater uma reforma ainda mais significativa.

António Costa depois de tanta jogada de bastidores e de muitos recuos, consegue aquilo que sempre ambicionou: desgastar António José Seguro como líder principal da oposição enquanto decorria um dos piores momentos por que Portugal passou. E só quando o Governo começou a ter autonomia política e financeira, depois da saída da troika e os resultados começaram a tornarem-se positivos, eis que o D. Sebastião Socialista aparece como o grande líder da oposição e suposto salvador da pátria.

Deixo, entretanto, algumas questões a considerar:

Terá este candidato a Primeiro-Ministro credibilidade, quando em 2013 apoiou António José Seguro nas eleições internas e um ano depois com a fome de poder concorreu contra Seguro, impedindo-o de completar o mandato?

Terá António Costa credibilidade quando venceu as eleições Autárquicas em Lisboa e comprometeu-se perante o seu eleitorado e a Imprensa Nacional que o mandato seria para cumprir até ao fim?

Terá António Costa credibilidade quando apresenta uma proposta de isenção de mais de 2 milhões € ao Benfica simplesmente porque é “clubisticamente” correcto?

Terá este Partido Socialista credibilidade quando a equipa que rodeia António Costa e o prepara para candidato a Primeiro-Ministro ser a mesma que acompanhou José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro, tendo o resultado sido aquele que todos nós sabemos e sofremos com a chamada da Troika para controlar as contas de Portugal nos últimos anos?

António Costa nestes meses enquanto Secretário-Geral tem tido posições estranhas que merecem o meu comentário. Além de até ao momento ainda não ter apresentado qualquer estratégia a médio-longo prazo para o País, o Mesmo posiciona-se ideologicamente consoante a conveniência.

Vejamos, aquando das eleições Gregas quem o ouviu a comentar a vitória do Syriza julgava-o um representante da Extrema-Esquerda em Portugal da forma como elogiou a vitória deste Partido em terras Helénicas e menosprezando a pesada derrota que os Socialistas Gregos tiveram.

Mais recentemente também não lhe deve ter interessado comentar a grande derrota de Hollande e do Partido Socialista Francês nas Eleições Departamentais Francesas.

Ainda no passado fim-de-semana o Partido Socialista, agora o Português (aquele a que António Costa preside), perdeu de forma exagerada as eleições regionais da Madeira ficando atrás do CDS/PP e em que permitiu a maioria absoluta do PSD. Um bom líder, um verdadeiro Líder que se preze e que se dê ao respeito, dá a cara não só nas vitórias mas essencialmente nas derrotas e o mesmo tentou ignorar ao máximo tais resultados até que foi obrigado a abordar a temática numa conferência e nem aí teve a humildade de reconhecer tal derrota mas, mais uma vez, menosprezar tamanho resultado. Esqueceu-se portanto que era líder do Partido Socialista Português.

Uma pessoa como o Dr. António Costa, que tenha como estratégia a conveniência, o posicionamento consoante os interesses propagandistas e a falta de credibilidade não é aquilo a que chamamos Líder e muito menos alguém que mereça a confiança dos Portugueses para chefiar o Governo Português.