Está aqui

literatura

A queimar no bolso e por dentro

Numa noite de primavera do ano de 1934, um senhor de certa idade desceu os degraus de pedra que levam a uma das pontes....

“Pago com uma nota de 5 euros. Retiro algumas moedas de troca. A nota permanece no balcão. O lojista cumprimenta-me e desaparece na sala dos   fundos. Eu, distraidamente retiro a nota de 5 euros, despeço-me e caminho em direção à saída."

A história, no entanto, não foi assim, mas sim assim:

“Retiro conscientemente a nota de 5 euros, digo adeus e caminho para a saída”.

A obstinação

Estavam duas pessoas no carro. Uma sentada no lado direito e outra sentada no lado esquerdo. Uma conduzia e a outra servia de co-piloto. O problema era que o co-piloto devia indicar o caminho a seguir e como era obstinado não queria por o mesmo do condutor.

Andaram dez quilómetros. Um a dizer que o caminho era pela esquerda e o outro pela direita. Tanto discutiram que acabaram por ter um acidente num cruzamento em que nem a direita nem a esquerda servia. Há quem diga que foi uma decisão mal tomada. Outras pessoas chamaram-lhe obstinação!

A pergunta

pergunta o velho ao jovem,

sabes o que esta casa gasta?

e prosseguiu sem esperar resposta:

mais do que as contas normais,

o desgaste das paredes e

algumas telhas que vão caindo.

a sombra que persegue a minha voz

é a maior despesa desta casa.

 

o jovem ficou em silêncio

longe da sua própria sombra;

quem cala consente

ou está ausente na fraqueza

de simplesmente concordar.

 

não eram palavras

nem teses fundamentadas

que o velho esperava ouvir.

 

A preguiça

A seguir ao medo, escolhi a preguiça para nos fazer companhia neste fim de semana. Se na semana passada acordei com medo por volta das cinco e meia da manhã, hoje, dia nunca de antes do dia primeiro, acordei com preguiça. Sabem aquela que nos atormenta quando nos deitamos na cama e que não nos deixa sair dela antes do meio dia ou de qualquer hora depois do sol raiar e se sobrepor ao que já estava além do território oval terrestre?

O lugar

solto-me na imensidão

que mergulha os meus olhos

 

sobreiros caminhando pelo tempo

rebanhos na azáfama do dia

campos dourados de trigo

dão luz a quem lhes dá vida

 

sei que aqui estou

quando os horizontes

se cruzam com a origem

 

todas as histórias têm um lugar

este é a liberdade

na grandeza do Alentejo

onde o olhar beija a saudade.

 

---------------------------------------------------------------------------

Cuba reedita obra de Fialho De Almeida

O aniversário do escrito alentejano Fialho de Almeida (1857-1911) será hoje assinalado em Cuba, onde a autarquia promove a reedição de Livro de Contos do escritor no Museu Literário Casa em sua honra.

Pelas 18:30h, com transmissão em direto no Facebook, será apresentada a reedição dos Contos do escritor numa apresentação que conta com as intervenções de João Português, presidente da Câmara Municipal de Cuba, de António Cândido Franco, Professor Doutor de Literatura e Cultura Portuguesas na Universidade de Évora, e de Ana Paula Amendoeira, Diretora Regional de Cultura do Alentejo.

O medo

Acordei bem cedo! Eram mais ou menos seis da manhã. Normalmente não acordo a esta hora da manhã mas hoje acordei. Não sei o que se passava à minha volta porque vivo e estou sempre sozinho. Não havia e não há nada ao meu lado. Apenas a parede e os cortinados, de um lado, do outro uma parede… e o nada.

Mas estava lá o medo! Essa personagem dos filmes americanos que me aparece aqui…

Pensais que tenho medo? Muito! O que é o medo? Essa sensação que nos assoberba e nos absorve e nos transforma?

Culturfest em Alter do Chão foca-se no romance histórico

A edição deste ano do festival Culturfest, a realizar-se em Alter do Chão, vai focar-se na vertente literária do romance histórico, depois de um ano de interregno devido à pandemia da covid-19, anunciou a organização.

O festival é promovido pelo município e vai decorrer a partir de quinta-feira até domingo, tendo como objetivo “transformar” a praça de armas do castelo daquela vila do Alto Alentejo num palco de conversas com historiadores e autores da vertente romance histórico.

Encruzilhadas

Foi na semana passa que o mundo acabou e com eles todos os animais se extinguiram e passaram a fazer parte do passado. Deles ficaram as memórias escritas semana a semana contando as suas ideias, os seus jeitos, as suas venturas e desventuras. Ficamos a conhecê-los tão bem que neles nos reconhecemos muitas vezes. Em cada um deles vimos coisas de cada um de nós e em cada um deles sentimos que poderíamos moldar-nos e ser assim.

Páginas