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Banca

As novelas dos poderosos, por entre a perplexidade e a revolta

Façamos um simples exercício de memória. Nos últimos vinte anos, quantos foram os escândalos relacionados com práticas ilegais no universo da banca e da alta finança em Portugal?

Aqueles que muitas vezes surgiam como as referências idóneas do regime, os grandes empreendedores, os que mexiam a alavanca da economia, sempre tratados com grandes honrarias e aparentemente, a salvo de qualquer suspeita, acabam por ser, em grande parte e segundo notícias recentes, os maiores vilões do sistema.

Cartéis: os inimigos do mercado

Quando pensamos em inimigos do mercado, os nomes que nos vêm à cabeça são normalmente comunismo e socialismo, aqueles que historicamente, de forma assumida, frontal, e muitas vezes corajosa, declararam não acreditar neste modelo de organização da economia, e nos modelos de organização da sociedade que lhe estão associados. Mas o mercado português tem hoje mais um inimigo com que se preocupar: aquele que apregoa aos quatro ventos as virtudes da economia concorrencial e pratica depois o inverso do seu simétrico, o cartel.

QUEM TRAMOU A CAIXA?

E, aí vamos nós uma vez mais, sorrateiramente, de forma ordeira e submissa, recapitalizar outro banco, apenas aguardamos o momento da decisão.

O CRÉDITO A QUEM O CONCEDE

Na semana passada chegou ao fim o julgamento dos suspeitos de burla a um Banco na compra fraudulenta de casas. Ficou provado que a dona de uma imobiliária angariou um casal de indivíduos (toxicodependentes) que sem a menor capacidade financeira, apresentaram um pedido de financiamento para a aquisição de casa. Cederam os documentos de identificação e assinaram o que foi preciso. Obviamente que estas pessoas nunca pagaram uma prestação da “sua” casa e o banco foi forçado a vendê-la por um valor muito inferior para o qual havia concedido o crédito. Isto não é surpresa nenhuma, certo?