7 Outubro 2014      01:00

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Velhos?? Velhos são os trapos!

Ter a oportunidade de expressar qualquer opinião num órgão de comunicação social, parece-me um privilégio. Aquilo que nos vai na alma, seja o tema que for, com a pertinência que calhar! Obrigada, a quem me endereçou o convite!

Hoje, trago-vos mais uma vez uma crónica de opinião, desta vez, relacionada com uma realidade que me é muito próxima.

Já escrevi anteriormente sobre o envelhecimento demográfico algumas causas e consequências. Talvez hoje traga um grito!

Existem em Portugal muitas entidades privadas, na sua maioria que dedicam o seu trabalho, tempo e dedicação aos seniores. Essas entidades, apesar do seu empenho não vivem do ar. A promoção do envelhecimento activo é algo essencial, dado o número de seniores/idosos que fazem parte da população portuguesa. Irrita-me solenemente a inércia que se vive sobre este assunto, uma vez que o bem-estar de cada um de nós reflecte-se no próximo. Não será do interesse de todos termos os nossos pais e avós felizes, que possam usufruir da reforma para a qual trabalharam a vida inteira? Que estejam mentalmente activos, que usufruam de momentos educativos, de lazer e culturais? Que se sintam bem de todos os pontos de vista e possam disfrutar daquilo que a vida tem para lhes oferecer??  Utopia!! Talvez não!

Creio que temos que nos consciencializar que vivemos num país de “velhos” e principalmente encarar esta situação como positiva. Porque não potenciar a experiencia e o saber dos mais velhos para tornarmo-nos melhores? Porque não de uma forma intergeracional motivar os saberes de experiências feitos e aliá-los à realidade que vivemos quer a nível social, quer a nível tecnológico?

O trabalho das entidades que trabalham nesta área tem vindo a decair, pois aparentemente ninguém quer saber! Falamos de empreendedorismo, de inovação, de emprego, mas temos cada vez menos jovens, já para não lembrar os números da emigração. Dizia o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa no último Encontro Nacional de Associações Juvenis que decorreu em Évora, que é importante dar lugar aos mais novos, no entanto também ele próprio ocupa “certos lugares” que podiam ser dedicados aos mais novos. Curioso, não é? Ter a consciência e não a praticar!

O executivo continua a dedicar as suas politicas ao “nada visível”, descurando muitas vezes o essencial, pois parece-me que vamos ficar apenas à espera que os mais velhos morram e rezar para que não venham mais. Mas lembremo-nos, as gerações renovam-se e todos lá chegaremos e a realidade é que, de lá não passaremos! Assim, caros leitores, devido às nossas limitações temporais, sociais, de saúde, entre outras, a eternidade não existe… e velhos?!? Ah!, velhos são os trapos!