Hoje realizam-se eleições na Grécia, o primeiro País intervencionado pela Troika, com todos os efeitos actualmente conhecidos.
Espera-se uma viragem até à extrema-esquerda com a vitória do Syriza, partido que tem vindo a subir em todas as sondagens conhecidas e, pelo menos até esta hora, muito perto de conseguir uma vitória que, para todos os efeitos será histórica.
Neste momento, o Syriza parece ser o único Partido grego capaz de fazer frente e dizer não a algumas exigências da Troika, primando pela defesa dos reais interesses do País.
A sua importância e crescimento tem sido de tal ordem que a Sra. Merkel e o Sr. Barroso vieram falar na possibilidade do abandono do Euro pela Grécia, possibilidade já afastada por todos os partidos gregos.
É de facto necessário um pouco mais de preocupação com as reais necessidades da sociedade e um pouco menos com os números e o mercado especulativo.
A abordagem da intervenção da Troika na Grécia que tem vindo a ser feita pelo Syriza, promete uma verdadeira viragem de rumo no País.
A serem verdade todas as promessas e todas as intenções, teremos alguém no poder realmente capaz de dizer não e bater o pé em prole do seu País, tornando-se numa verdadeira voz reactiva.
Mesmo a nível da União Europeia, o Syriza terá sem dúvida uma voz dissonante em muitas questões que, ultimamente, têm vindo a ser tidas como certas pelos Países com principais responsabilidades nos empréstimos aos Países intervencionados.
Será sem dúvida algo que não se tem visto nos últimos tempos pelos lados da Comissão e do Parlamento Europeu no que ao arco governativo dos países intervencionados diz respeito.
Há quem mostre algumas reservas devido ao radicalismo defendido pelo Syriza, no entanto, na situação extrema em que o País se encontra e no racionalismo apresentado pelo líder do partido que, por exemplo já veio recusar a saída do Euro, poderá ser esta a solução para a Grécia e o toque de arranque que a Europa precisa na viragem contra a austeridade cega.
A Europa está na expectativa de saber os resultados oficiais de amanhã. Isto porque não está em causa a viragem apenas num País, mas sim o início de um caminho que, muito possivelmente, o será sem retorno.
Horas existem em que arriscar e perder o medo é necessário.
Hoje na Grécia poderá ser dado o primeiro passo para uma mudança radical na política de austeridade instituída pelos principais credores e países do arco europeu. Espero sinceramente que o Syriza cumpra as suas promessas e não se torne em mais uma desilusão para todos os que, mais do que quererem, necessitam de uma mudança de rumo e de um novo fôlego.
Não podemos mandar a Troika “lixar-se” de vez pois, todos sabemos, o empréstimo é necessário. No entanto, podemos e devemos dar ordem para abrandar e ouvir as vozes dos verdadeiros lideres dos Países intervencionados que não temem por terem uma opinião diferente.
A mudança poderá começar já hoje. Que esta seja no caminho dos interesses dos cidadãos gregos e de uma Europa melhor e menos desigual.
A Grécia, a Europa e todos nós merecemos um novo rumo.
Que este venha e que seja para ficar.