30 Junho 2014      01:00

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Solstício de Verão

O solstício de Verão, assinalado a 21 de Junho marcou o primeiro dia de verão no hemisfério norte (e de inverno no hemisfério sul), com o maior número de horas de luz solar do ano e consequentemente a noite mais curta. Às 11h51 concretamente (hora de Lisboa), entrámos no Verão, tendo sido possível usufruir de 15h 08m 39s de luz.

Cientificamente o solstício de verão consiste no momento em que o hemisfério norte da Terra está mais virado directamente para o Sol. A palavra "solstício" advém de duas palavras latinas "sol" e "sistere" que significam "Sol parado", uma vez que no dia que antecede e precede o solstício de verão, o Sol parece manter-se à mesma altura no meio-dia, além de que pôs-se e nasceu no mesmo ponto em relação ao horizonte. É o instante em que o hemisfério Sul está inclinado cerca de 23,5º na direção do Sol.

Com o passar dos dias, é possível voltar a observar o Sol, a pôr-se e nascer um pouco mais sul, assim como um pouco mais baixo quando for meio-dia. Este processo mantém-se até que o Sol se ponha e nasça do ponto mais a sul do ano - o solstício de inverno, a 21 de dezembro.

No 21 de Junho passado deu-seinício ao Verão (tal como o Solstício de Inverno dá inicio ao Inverno), no entanto, após uma Primavera pouco amistosa e um Inverno bastante rigoroso, ansiávamos bastante pelo Verão, que efectivamente chegou e nos presenteou com mau tempo e chuva. Pondera-se um desentendimento entre o S. Pedro e o S. João de forma que encontramos os festejos dos Santos Populares “desencantados” devido ao tempo que se têm vindo a fazer em Portugal. Esperamos uma reconciliação breve, de forma que à chegada do S. Pedro já possamos usufruir das promessas do Verão.

No entanto, nos países do hemisfério Norte a luz chega de tal intensidade, que não existe escuridão, vive-se na luz, trabalha-se na luz, dorme-se na luz e entra-se de alguma forma em grande “desorientação” por se perder a noção dia/noite. Em Junho de 2012, despendi entre a Estónia e a Finlândia cerca de 10 dias em trabalho de cooperação europeia, durante os quais tive o privilégio de vivenciar o que é só viver na luz. Além das duas horas de diferença em relação à hora portuguesa, o facto de acordar às 3h da manhã com um dia radiante e com a sensação de ter dormido imensas horas, fez com que ao final da minha estadia tivesse regressado a Portugal quase em “estado zombie”. A média de horas dormidas por noite rondava as 2-3 horas, entre o que para nós portugueses é o “lusco-fusco”, ou seja, cerca de duas horas em que o céu fica azulado, na perspectiva de anoitecer, o que não acontece, com a agravante da não existência de quaisquer cortinas nos quartos de hotel, e nas habitações em geral, factor que dificultou ainda mais a minha estadia na luz. Curiosa uma saída à noite em grupo, a uma discoteca, na qual entrámos de dia e saímos de dia, sendo o espaço interior complemente escurecido, cheio de luzes psicadélicas, simulando exactamente ambiente nocturno, que não poderia existir, se não fosse totalmente criado para o efeito.

Foi sem dúvida uma experiência a não esquecer, principalmente devido a anteriormente não ter noção do que é viver apenas com luz. Creio que Portugal vive no ideal, existindo quer no Verão, quer no Inverno um equilíbrio entre o número de horas de escuridão e de luz solar.

Lembramos ainda que no hemisfério sul, exactamente na mesma data (21 de Junho), entrouo Inverno, comemorando-se o Solstício de Inverno, sendo que uma das opções é mudar de hemisfério e viver sempre no Verão ou sempre no Inverno, ou permanecer e usufruir do melhor cada Solstício.