3 Outubro 2014      01:00

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PCP

PCP é uma droga. Mas não só. Trata-se de uma sigla. São três letras. É isso que é PCP.

Ao dizer-se “é” tende-se, comummente, a confundir significando (a palavra) com significado (a imagem que se produz cerebralmente, em reação à audição, ou leitura, da palavra). A palavra tem conteúdo, portanto. É um conjunto de desenhos, quando escrita, e sons, quando dita, mas representa aquilo que ela “quer dizer”.

Para um apreciador da Ciência Química, muito naturalmente PCP é uma droga (1-(1-fenilciclohexil)piperidina) ou outra molécula conhecida pela mesma sigla (que há). Quando entendida como até agora, neste texto, PCP é um alucinogénio, droga chamada de recreação, originalmente criada como anestésico, mas retirada do mercado nos anos cinquenta devido aos seus efeitos já mencionados.

Evidentemente que nove em cada dez leitores não terão de PCP essa leitura imediata. PCP, em Portugal, para uma imensa maioria de leitores, representa, imediatamente, uma imagética só: o Partido Comunista Português.

Mas: o que é isso? Uma possibilidade é tratar-se de um partido dedicado ao bem-comum. Foi determinante na queda do antigo regime. Contudo fica a questão: o que quer o PCP? Entrar no sítio eletrónico do partido é fácil e permite tirar todas as dúvidas… Ou não? Vejamos: o PCP pugna, em sentido lato, por uma melhor distribuição de recursos. Uma melhor distribuição de rendimentos. Uma pessoa socialmente consciente entende-se como sócio. Se não, não participa na sociedade. É claro.

Mas, numa sociedade, qual é o maior valor? Aparentemente, num mundo em que uns gastam água a mais e outros morrem de sede, o maior valor não é, com certeza, a melhoria da qualidade de vida humana. E, ainda que fosse, melhorar pode não ser mais do que morrer à sede… mais tarde…! E se o maior valor fosse a felicidade verdadeira, demonstrável? Cair-se-ia no mecanicismo pouco espiritualizado, assente num dogma científico que nada disso tem, e que, aparentemente, caracteriza algumas sociedades que apostaram em modelos de sociedade excessivamente controladores.

Será este o projeto do PCP?Como seria se este partido governasse?

Observando à volta poderia, hoje, ser possível encontrar comunistas empresários que conseguissem aplicar nas suas próprias empresas as máximas de distribuição comunistas. Será que existem pessoas assim?

Existirá pelo menos um empresário comunista que distribua pelos seus assalariados o fruto do trabalho da sua empresa, ultrapassando regras de mercado e, por exemplo, pagando acima do salário mínimo nacional aqueles que, objetiva e cientificamente, não necessita pagar a preço tão elevado mas que, objetiva e cientificamente, poderia pagar porque, objetiva e cientificamente, para isso bastaria aceitar as objetivas e científicas premissas do programa do PCP e, portanto, apenas arrecadar menos dinheiro para a sua poupança, ou para as suas férias, ou para ter o automóvel da marca “tal”, ou para pôr o Filho naquela Universidade Privada donde saem os assalariados mais bem pagos do País?

Esta objetividade científica, tão defendida pelo PCP, é aplicada por algum militante comunista na sua empresa? Haverá um único empresário comunista, assim?

Creio que, sinceramente, se existisse tal, seria, muito provavelmente, a melhor maneira de acreditar num partido que, se a nível autárquico consegue convencer alguns, a nível nacional poucos convence, e, provavelmente, continuará a poucos convencer, enquanto se encontrar com uma das frases vulgarmente associadas ao comunismo, nos seus anteriores quezilentos ataques à liberdade religiosa, e que, para aqueles que vivem o comunismo como uma religião (como com fanatismo religioso) e o PCP como a cúpula da sua hierarquia religiosa (na mesma acepção), certamente poderia ser transformada em: “O comunismo [no estado atualmente veiculado] é o ópio do Povo!”.

Que se despertem as opiniões…

O tal PCP, alucinogénico e anestésico, não faz nenhuma falta, fora do uso hospitalar que, pelos vistos, está proibido há que tempos… Já um PCP cheio de gente que não faz como Frei Tomás (faz o que ele diz não faças o que ele faz), provavelmente já poderia ter saído de tantos anos de oposição, assim pudesse convencer aqueles que, no fim das contas, têm sido o garante democrático, objectivo e científico, do rotundo falhanço das suas estratégias de comunicação desde o 25 de Abril: O Povo Português!