11 Dezembro 2014      00:00

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Donos de quê?

Na passada sexta-feira não queria acreditar no que estava a ouvir, aquando do discurso do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho quando enaltecia as mudanças no estado do país durante a sua governação, sobretudo na vertente económica professando a seguinte frase: “os donos do país estão a desaparecer, os donos do país são os portugueses”.

O discurso do primeiro-ministro tinha algumas afirmações coerentes e com sentido, assentes em algumas intervenções positivas no acto da sua governação; e outras mais deturpadas em função de uma realidade que a sua linha política quer construir, criando um cenário idílico de melhorias que não correspondem bem ao que acontece a nível efectivo.

A situação grave foi mesmo a frase que citei no início da crónica, que devo sublinhar foi aplaudida pelos presentes, levando para um patamar antagónico e surreal uma análise à situação do país. Como é que é possível um primeiro-ministro que está a vender tudo aos estrangeiros, tem a coragem de fazer uma afirmação destas? A EDP é dos chineses, a PT vai ser dos franceses, os CTT também já foram vendidos, entre outros que não vale a pena estar a mencionar, e entre mais que ainda não foram vendidos mas vão ser, como é o caso da TAP.

No cenário que vemos em Portugal, com consequência directa na perda de chefias e lideranças de topo entre os profissionais portugueses, resultando numa natural queda de poderio financeiro (que afecta a riqueza e diversidade do tecido empresarial), sobretudo por se apresentar com cada vez menos forças produtivas, e por ter as suas empresas na mão de grandes grupos económicos estrangeiros, ainda temos de ouvir o nosso primeiro-ministro a dizer que os donos do país são os portugueses?

Espero que Pedro Passos Coelho não acredite muito no que disse, que o tenha feito só para construir uma realidade de circunstância favorável a si e à sua governação para os menos atentos, senão mal vai o país, quem o governa e quem o aplaude.

Somos donos de alguma coisa? Seria bom que a frase proferida correspondesse à verdade e não à tendência instalada: somos cada vez menos donos e temos cada vez menos daquilo que devia ser nosso.