15 Abril 2014      01:00

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Crónicas

rónicas de “Chronus” divindade antiga do tempo. Crónicas histórias. Crónicas temporais. O tempo, como relato do movimento. A luz, mãe do tempo. Diz-se, até, que se a velocidade depende do tempo, o tempo poderá depender da velocidade. Início e fim paradoxalmente trocados, apenas na aparência. Nascimento e morte. Tantas são as possibilidades. Certo é que labutamos no erro. É humano.

Há, contudo, espaço para a verdade no tempo. Distingamos, com certeza, tempo próprio de tempo comum. O primeiro depende do próprio sujeito. O segundo depende do acordo entre dois ou mais sujeitos. Ainda que só um humano, o outro, inevitavelmente, seria o relógio. Entidade soberana este apenas garante o conhecimento sobre o movimento do espaço. Trata-se de conseguir garantir que algo avança a velocidade constante: usemos o ponteiro de um relógio para esse algo. E se, por hipótese, a velocidade do deslocamento do ponteiro mudasse, mas mudasse sempre da mesma maneira em todos os relógios? Nada mudaria para a medição do tempo. Realmente é isso que acontece. Não podemos ter dois relógios cuja velocidade de deslocamento do ponteiro seja igual mas, à nossa escala, não se regista qualquer quebra da capacidade de chegar a horas a certo sítio, para relógios normais. Tal não se passa, contudo, para outras viagens. Viagens a grande distância, distâncias interplanetárias, exigem relógios mais precisos.

Nada disto, contudo, faz variar o tempo próprio. Esse, bem mais importante, depende exclusivamente de uma lógica interna. Cada sujeito tem a sua. Uma lógica em que o tempo dependesse do movimento, como nos relógios normais, faria com que o tempo próprio dependesse de um movimento próprio, também. Quiçá do movimento do pensamento. Ter muito tempo próprio em pouco tempo comum seria, portanto, pensar à velocidade… da luz! Sim, da “Luz”! Ou maior! Eis um infinito real. Conceito fortíssimo, para quem dele gosta, este infinito sensível é, para todos os efeitos, por mais ficcionados que sejam, eterno. Uma esperança na eternidade. Sem dúvida única fonte de felicidade, mais tarde ou mais cedo, para qualquer ser-pensante.

Haverá quem, suspeita-se, se enfrente com a razão maior de viver mais cedo, outros muitíssimo mais tarde mas, inevitavelmente, é, apenas, uma questão de tempo. Daria, certamente, outro sentido à vida em sociedade. Equacionar a realidade neste termos, ou noutros melhores, acabaria com todos os motivos usados por uma percentagem exagerada de sete mil milhões (pouco mais ou menos) de seres pensantes num só planeta (por enquanto). Capazes de trabalharem em equipa ao ponto de alterarem a composição físico-química da atmosfera e, com isso, a sua distribuição de temperaturas, entre outros indicadores derivados, esta quantidade abissal de pensantes comporta-se como vulcões, dilúvios, maremotos e outros efeitos de um equilíbrio feito com eles, connosco.

Aplicando princípios que, hoje em dia, se espera adquiridos por qualquer criança que estude numa escola, estima-se que, se tanto muda na atmosfera então isso influencia, com toda a certeza, tudo o resto. Por exemplo, uma erupção vulcânica, sempre em equilíbrio com o seu exterior, depende da qualidade do seu exterior, ao qual está inevitavelmente ligada. O tempo poderia ser a solução já que é o tempo que parece dominar todo o processo social. Trata-se, numa observação cuidada, de chegar primeiro. A luta é essa. Os tais sete mil milhões movem-se. Sim, contudo movem-se. Sem saírem do mesmo lugar. Um por um todos, mais ou menos, entenderão que, no limite, de facto o grande espaço dominado é um e só um e, de facto, onde se está se fica…