4 Setembro 2014      01:00

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Aos professores

Hoje dedico a minha crónica aos professores.

Aos que já estão colocados mas não sabem em que escolas vão ficar, e que vão ter de se apresentar numa escola que provavelmente não será a sua para o resto do ano lectivo.

Aos contratados, que estão nessa situação há anos, e por mais tempo que passe e experiência que adquiram, não vêem a sua situação melhorar ou estabilizar. Alguns estão há 10 anos ou mais a correr o país de ponta a ponta, a saltar de escola em escola sem esperança de alguma vez ficarem perto de casa, relativamente próximos das suas famílias.

Aos que estudaram e acabaram o curso e “não têm experiência” para leccionar, que não conseguem ficar colocados nos concursos, e que por isso ficam irremediavelmente a aumentar os números do desemprego.

Àqueles que estão a dar meia dúzia de aulas espalhadas pela semana, e o dinheiro que recebem quase não chega para o combustível das deslocações, e como são aulas soltas, também não lhes é permitido conseguir um part-time ou outro qualquer trabalho, no sentido de atingirem mais uma ajuda ao salário insuficiente.

Será que não há solução para isto? Não haverá nada a fazer para melhorar a situação destes profissionais, que são um ponto essencial na educação dos jovens portugueses?

Este é um problema real do nosso país, que tem consequências a nível dos jovens e da sua preparação para o futuro, criando impactos que podem ter resultados muito adversos. A qualidade de ensino fica obviamente afectada, tanto na falta de condições para os alunos, como na estabilidade emocional do professor. Quando se devia estar a preparar o ano lectivo, e a criar condições para iniciar as aulas, milhares de professores estão nesta instabilidade e insegurança profissional.

A situação dos professores devia ser observada com mais preocupação por parte dos nossos governantes, criando soluções efectivas de melhoramento da sua condição, e consequentemente do ensino em Portugal.

O que se debate aqui hoje não é um problema simples nem fácil de resolver, mas certamente podia ser melhorado, e certamente podiam não ser cometidos alguns erros reincidentes. Como a chegada ao dia 1 de Setembro novamente sem resultados dos concursos, e levando a que muitos professores contratados, que provavelmente vão voltar a sê-lo este ano, sejam obrigados devido a esta situação a terem de ir para as filas do centro de emprego, para depois serem porventura novamente contratados.  

A qualidade do ensino devia ser uma preocupação central na actuação governativa, acima de cortes irreflectidos com base nos números para reduzir escolas e engordar turmas, sendo urgente repensar esta estratégia de contenção e pensar mais nas pessoas, nos profissionais e nas suas necessidades, tal como na importância do ensino para o desenvolvimento efectivo do país. 

 

Imagem de professorsemquadro.blogspot.com